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Maria da Graça Carvalho: “Há um enorme potencial para a biomassa em Portugal”

Lisboa recebeu 1.500 delegados de 70 países este mês para debaterem a importância da biomassa no combate às alterações climáticas no mundo. “A biomassa e os resíduos representaram cerca de dois terços de todo o consumo de energias renováveis na União Europeia”, afirma a secretária-geral do EUBCE 2019.
10 Junho 2019, 10h00

Lisboa foi palco mundial da biomassa entre os dias 27 a 30 de maio. A eletricidade produzida a partir de resíduos florestais e agrícolas foi debatida por mais de 1.500 delegados oriundos de 70 países na 27ª Conferência e Exposição Europeia da Biomassa (EUBCE 2019), no Centro de Congressos de Lisboa.

Em conversa com o Jornal Económico, Maria da Graça Carvalho, secretária-geral do EUBCE 2019 e eurodeputada, destaca a importância que a biomassa poderá vir a ter no futuro em Portugal e no mundo para combater as alterações climátiacas e “para alcançar os objetivos do Acordo de Paris”.

“A biomassa e os resíduos representaram cerca de dois terços de todo o consumo de energias renováveis na União Europeia. Em Portugal a biomassa é essencialmente utilizada na indústria da pasta de papel. Há um enorme potencial para a biomassa em Portugal. O estado atual dos recursos de biomassa mostra que o potencial total estimado por vários sectores do país é 42.489 gigawatts/hora por ano”.

Além da importância para a produção de eletricidade, a eurodeputada eleita pelo PSD destacou o papel relevante que este setor poderá ter para prevenir os incêndios florestais. “A prevenção de incêndios em Portugal passa também pela valorização económica da floresta. A biomassa é uma parte importante nessa estratégia de valorização. Mas para isso será necessário criar logística para a recolha da biomassa e cadeias de valor para os produtos florestais”, disse.

Mas qual a previsão de crescimento da biomassa nos próximos anos em Portugal? “Um artigo no “Renewable and Sustainable Energy Reviews” de investigadores da Universidade do Minho, do Instituto Politécnico de Portalegre e do INGI” prevê um “crescimento anual da capacidade instalada da biomassa de 5% e  de 1% no caso de produção de energia”, afirmou.

O Governo já anunciou que pretende encerrar as duas centrais a carvão existentes em Portugal até 2030. Neste cenário, Maria da Graça Carvalho aponta que a biomassa vai ser uma das soluções para substituir o carvão.

“A solução para a de-fossilização da sociedade passa por um conjunto de medidas desde uma forte componente de eficiência energética, até à utilização de todas as energias renováveis disponíveis, tendo naturalmente a biomassa em geral e as centrais de biomassa existentes e planeadas, um papel muito importante”, sublinhou.

A Comissão Europeia anunciou em janeiro deste ano que vai disponibilizar um total de 320 milhões de euros para financiar centrais de biomassa em Portugal durante 15 anos. No entanto, a eurodeputada destacou que este montante não vai ser o único apoio disponibilizado para a área de biomassa e de bioeconomia.

“Estes apoios  serão complementados por outros, por exemplo, oriundos do Programa Europeu de Ciência Inovação, o Horizonte Europa (2021-2027) que se encontra na fase final de negociação entre o Conselho e o Parlamento Europeu”, destacou.

“A dotação orçamental do programa Horizonte Europa ainda não está fechada, mas a Comissão Europeia propôs um valor de 100 mil milhões de euros e o Parlamento Europeu 120 mil milhões. Espera-se, também que uma verba significativa do Programa seja alocada às energias renováveis e em particular à biomassa e bioenergia”, concluiu Maria da Graça Carvalho.

Artigo publicado na edição nº1989, de 17 de maio do Jornal Económico

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