Recentemente, a Amazon exigiu a todos os funcionários que voltassem ao escritório para trabalhar de segunda à sexta. “Que horror”, dirão alguns. “Não estava nada à espera”, dirão outros. Talvez por isso, outras multinacionais optem por ser mais discretas, embora quase todas estejam a fazer exatamente o mesmo.
O regresso é a nova tendência e veio para ficar. Os millennials (sub-40), e os Gen Z que já trabalham, decerto estarão chocados. Foram os protagonistas da Great Resignation de 2021 e hoje lideram o Anti-Work Movement. A labuta não é com eles, e até têm algumas razões para tal (ao preço que as casas andam…).
Com o lema “desemprego para todos!” veem no local de trabalho um espaço de opressão capitalista, onde a ideologia passa de cima para baixo, justificando a exploração e a repressão do talento. Um espaço que julgavam ter finalmente derrotado na revolução de 2020 – também conhecida por revolução pandémica; com máscaras, álcool gel e vídeos de TikTok, em vez de foices, martelos e panfletos de Lenine para o 1º de Maio.
Como se tal não bastasse, esta mentalidade contagiou mesmo aqueles que ocupam cargos relevantes em grandes companhias e já têm idade para ter juízo. Há quem pense que o escritório gera um ambiente de constrangimentos vários, onde as ideias não fluem e só os seniores pensam, enquanto os juniores absorvem por osmose.
Até parece que as ideias só fluem em retiros empresariais – que, aliás, já existiam antes do Covid – e que trabalhar em casa é uma libertação, onde cada um pode aprender por si e desenvolver a sua carreira de forma mais adequada aos seus ritmos e hábitos.
O problema é que, na realidade, fica tudo ao contrário. É a partilha diária do mesmo espaço que favorece a partilha de ideias e um team building genuíno. Ou acham que isso se alcança num par de dias? E não me falem em libertação. Trabalhar em casa é casar com o trabalho, pode tornar-se numa autêntica prisão – para todos, incluindo a família. Aprender por si? Desenvolver uma carreira com mais autonomia? Só se for no Minecraft. A pensar assim, ainda acabamos todos com as social skills do Max Verstappen.
Razão tem Elon Musk ao dizer que “a classe do laptop está a viver na La La Land”. Pois, meus caros, tenho uma triste notícia para vos dar: a La La Land acabou.