Em 2017 o país teve o maior crescimento económico do século. Se isto já era notável, mais extraordinário foi este resultado ter sido puxado pelas exportações e pelo investimento, na consolidação de um ciclo de crescimento sustentável.
Era isto que Rui Rio andava a pedir nas suas intervenções em plena campanha interna, pelo que compreendo o embaraço de ter sido obrigado a largar o discurso económico no congresso da sua consagração. Teria sido penoso reclamar por resultados que já foram apresentados pelo INE, em consequência da acção política do PS. Como teria sido insólito criticar as opções que geraram os objectivos defendidos por ele próprio. Não seria inédito, mas era um mau começo.
As exportações tiveram em 2017 o maior aumento dos últimos sete anos e já correspondem a 42% do PIB. Em 2016, Portugal foi o quinto país em que as exportações mais cresceram e em 2017 seremos o segundo país com o maior crescimento das exportações: 7,3% contra 4,4% da média da União Europeia. As previsões para 2018 são de um novo recorde nesta matéria. Para estes resultados contribuiu decisivamente o turismo como principal sector, mas não foi o único.
No entanto, a aceleração do PIB foi também feita à custa do crescimento do investimento. Este registou a maior subida dos últimos 19 anos. Cresceu a dois dígitos e três vezes mais que a média do crescimento verificado na zona euro.
As receitas do PSD de Passos Coelho, de uma austeridade expansionista, nunca deram estes resultados e não geraram a combinação virtuosa, muitas vezes prometida, de crescimento com redução do défice.
Foi possível durante esta legislatura, mudando de política, e logo obtendo o défice mais baixo da história do país. Agora, cabe ao novo líder do PSD um de dois caminhos: ou reinventar o diabo e condicionar a agenda económica, ou contribuir para não ser um factor de bloqueio do bom trabalho em curso. É possível mais crescimento. Os índices de confiança mostram que o país acredita, mas o maior partido da oposição também tem de estar à altura dos desafios. Ajudava!
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.