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Libertar o talento para criar a força de trabalho futura

Os CEO devem liderar o processo de requalificação dos colaboradores e colocar as pessoas em primeiro lugar. As recomendações são da Accenture.
4 Fevereiro 2017, 09h30

A mudança cria medo e assusta, mas em si mesma é uma capacidade. Há, isso sim, que saber lidar com ela. No ambiente digital em rápida mudança em que vivemos, os Chief Executive Officer (CEO) devem ter a preocupação de “colocar as suas pessoas em primeiro lugar e no centro do processo de mudança para criarem a força de trabalho do futuro”. A recomendação é da Accenture e complementa o estudo Harnessing: Revolution: Creating the Future Workforce, apresentado aos líderes mundiais na recente cimeira de Davos.

“O facto mais curioso e relevante é as pessoas dizerem que precisam de desenvolver capacidades na sua capacidade para lidar com a mudança”, salienta ao Jornal Económico Luís Pedro Duarte, administrador responsável pela Accenture Strategy. “A capacidade, repito, é desenvolver capacidades para lidar com a mudança”. Este é o segundo desafio mais importante para os cerca de 10 mil inquiridos numa dezena de países em todo o mundo. O primeiro era previsível. As capacidades técnicas estão à cabeça da lista. O terceiro desafio eleito pelos inquiridos é como lidar com a resolução complexa de problemas ou, no original em inglês, the complex problem solving. As conclusões do estudo apontam, claramente, para a combinação entre temas técnicos e comportamentais, sintetiza Luís Pedro Duarte.

No concreto, as empresas estão colocadas perante o enorme desafio de como irão reestruturar a sua força de trabalho. Às questões tecnológicas, decorrentes da 4.ª revolução industrial, acrescem outras de natureza igualmente estruturante, como a que advém do aumento da longevidade humana. Nos locais de trabalho já começam a coexistir várias gerações. A realidade é vantajosa para todos os lados, mas poderão as empresas manter o mesmo tipo de políticas tendo pessoas com expetativas e experiências diferentes?

Do leque de recomendações, o que se destaca? Desde logo, três coisas. A primeira, diz Luís Pedro Duarte, “é tentar fazer o exercício de perceber quais são os desafios que se colocam ao negócio. Um exercício de reflexão estratégica, que permita depois pensar desta forma: ‘se o meu negócio vai ter esta tendência, então, quais são as novas competências de que  preciso?’”. É o chamado exercício da visão das competências futuras.

A segunda recomendação passa por desenhar a experiência do colaborador. Isto é, esclarece o responsável da Accenture Strategy, “perceber o que é que a empresa pode fazer para que o colaborador liberte o seu potencial, para que se sinta bem, para que se sinta estimulado, motivado, para que haja convivência entre as diferentes gerações”.

O terceiro pilar de recomendações refere a necessidade de acelerar o desenvolvimento daquelas. Isto implica normalmente uma reestruturação profunda da forma como é feita a formação, como é feita a aprendizagem no trabalho. Luís Pedro Duarte aponta a realização de protocolos com universidades ou centros de formação como algo que deverá vir a crescer nos próximos tempos, permitindo ajustar a oferta da academia às exigências de formação requeridas pelo mercado.

A nota final da Accenture é para o responsável mor da empresa: “Os CEO deverão liderar o processo de requalificação dos seus colaboradores, para que estes se mantenham relevantes no futuro e capazes de se adaptar à mudança”.

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