A Ebury, empresa de fintech especializada em pagamentos internacionais e gestão de câmbio de divisas para empresas fora da Zona Euro, diz na sua análise que “a Libra Esterlina fechou uma semana de extrema volatilidade a afundar-se face às principais moedas mundiais”, devido às notícias do Brexit.
“As esperanças aumentaram no início da semana, quando rumores apontavam para um acordo iminente com a UE. No entanto, assim que o acordo foi tornado público, a reação furiosa por parte da ala eurocética do Partido Conservador pôs em causa a liderança de Theresa May e os mercados reagiram bruscamente”, diz a empresa.
O otimismo relativamente à proposta de acordo alcançado com a UE dissolveu-se no final da semana, quando vários ministros do gabinete da Primeira-Ministra se demitiram em protesto contra o projeto de acordo.
“O foco imediato estará em saber se os oponentes do acordo conseguem ou não reunir as 48 assinaturas necessárias para forçar a moção. Até agora, vão em cerca de metade, embora haja rumores de que mais alguns Membros do Parlamento já assinaram em segredo”, diz a Ebury.
Mas Theresa May disse este fim-de-semana em entrevista que, tanto quanto sabe, ainda não há deputados conservadores suficientes para desencadearem um voto de desconfiança à sua liderança e que substituí-la não ajudaria ao Brexit.
No entanto, “embora ofuscado pelo desastre do Brexit, o dólar norte-americano também teve uma semana difícil, já que as taxas dos títulos do Tesouro dos EUA recuaram fortemente após notícias económicas dececionantes”, adianta.
A primeira-ministra britânica disse que os próximos sete dias serão críticos e que vai viajar para Bruxelas para conversar com figuras como Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão. “Voltarei a Bruxelas. Estarei em contato com outros líderes também, porque a cimeira da próxima semana é fundamental”.
Atualmente, parece não haver maioria parlamentar para que o acordo seja aceite. Os partidos da oposição e os parceiros do governo no Partido Democrático Unionista disseram que vão votar contra. May disse que as negociações ainda não estão fechadas e que há mais detalhes a encaixar no acordo.
Nesta altura a libra valoriza 0,23% face ao dólar para 1,2863 dólares.
A Ebury diz ainda que “não se prevê nenhuma grande notícia para esta semana, e os mercados estarão pouco animados neste aproximar do feriado de Ação de Graças nos EUA”. Esta semana temos ainda a “Black Friday” na sexta-feira, dia em que o consumo privado dispara em todo o mundo.
“Serão de esperar reações exageradas às manchetes políticas no Reino Unido, à medida que Theresa May for tentando defender a sua proposta de acordo e o seu futuro político” antevê a Ebury.
As notícias sobre o Brexit roubaram os holofotes políticos na semana passada, embora o impasse sobre o orçamento italiano continue a colocar obstáculos à moeda comum, realça a fintech.
Os investidores continuam pendentes de Itália, à espera que a Comissão Europeia (CE) dê a conhecer esta semana a decisão sobre o Orçamento do Estado, depois de Roma se ter recusado alterar a proposta, ainda que se tenha comprometido a não ultrapassar um défice de 2,4%.
“O próximo capítulo da saga do orçamento italiano chega esta quarta-feira, quando a Comissão Europeia decidir se vai ou não recomendar a abertura de um Procedimento por Défice Excessivo contra Roma”, lembra a Ebury.
Na semana passada surgiram notícias a dizer que a Comissão Europeia vai avançar com sanções contra Itália depois do Governo italiano se ter recusado a alterar as suas previsões de crescimento económico e de défice para 2019, e que as sanções devem ser anunciadas a 21 de novembro.
Recorde-se que em Outubro, a Comissão Europeia rejeitou o plano de Itália para aumentar o seu para 2,4%, e disse que a estimativa de crescimento do país era muito optimista. Bruxelas tinha exigido mudanças e o vice-primeiro italiano Matteo Salvini mostrou-se irredutível.
O Eurogrupo, ministros das Finanças da zona euro, estão hoje em reunião extraordinária para dar um empurrão final às negociações da reforma do euro e assim chegar à cimeira de dezembro com um acordo, numa altura de incertezas devido à situação em Itália.
Na passada quarta-feira, a decisão de Itália de não retificar o orçamento apesar de Bruxelas ter advertido que traduz “um desvio sem precedentes” das normas europeias provocou uma subida dos juros da dívida soberana.
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