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“Ser líder amanhã em Portugal não é uma obsessão”

Há um ano à frente dos destinos da Marsh Portugal, Rodrigo Simões de Almeida não descarta a possibilidade do grupo fazer aquisições em Portugal, mas garante que essa não é a prioridade.
  • Cristina Bernardo
16 Dezembro 2016, 00h15

Desde 2009, o grupo Marsh fez mais de 120 aquisições, um investimento de cinco mil milhões de dólares. É uma forte aposta no crescimento inorgânico.

É uma aposta que já vem de há muitos anos. O grupo, a nível internacional, tem feito essa aposta em vários países, se bem que o crescimento orgânico continua a ser a base do nosso dia-a-dia. Existe uma grande vontade de crescer todos os anos. Ainda agora foram apresentados os resultados trimestrais do grupo Marsh&McLaren e registámos o 25º trimestre consecutivo a crescer. E essa é uma estatística que continua válida mesmo excluindo aquisições. É o 25º trimestre de crescimento orgânico.

Consideram a hipótese de fazer aquisições em Portugal?

Eu diria que a Marsh nunca pode deixar de olhar para isso em nenhum país onde está. É líder de mercado a nível mundial, em parte por crescimento orgânico, em parte também pelas aquisições portanto, se as oportunidades aparecerem com certeza a empresa vai pensar nisso. Mas essa não é essa a minha preocupação. Existe capacidade ou interesse em olhar para oportunidades com racionalidade mas o ser líder amanhã em Portugal não é uma obsessão, a estratégia de crescimento sustentável é. Primeiro tem de se ter a casa arrumada, a equipa organizada e estruturada e é isso que estamos a fazer.

Faz sentido um movimento de concentração no mercado corretor?

Há espaço com certeza para consideração, sobretudo quando vemos a distribuição da quota de mercado e a comparação entre mercado segurador vs. mercado corretor, onde há uma desproporção muito grande. Há uma muito maior concentração de quota de mercado nos principais seguradores em comparação com os principais corretores e, além disso existe um número muito grande de corretores no mercado.

E no mercado segurador, há espaço para maior concentração?

Os constrangimentos de capital e as novas exigências de Solvência II no mercado segurador têm criado alguma pressão de mercado, tanto por via de rentabilidade como de sustentabilidade e a sensação com que ficamos é a de que existe algum espaço para concentração, mas o mercado português já é bastante concentrado na minha opinião. Uma das razões que poderá levar a uma concentração a curto médio prazo é a necessidade de maiores rácios de capital, uma maior exigência nos rácios de capital.

A sua prioridade é ter uma estratégia de crescimento sustentável. Isso passa pelo quê?

Primeiro passo, pessoas. Ter a melhor equipa do mercado português, o que julgo hoje ser uma realidade. Passa ainda por ter um foco muito grande nos segmentos a que queremos acrescentar valor e ser uma empresa que todos os dias é diferenciadora e que consegue trazer para o mercado português todas as valências do grupo Marsh&McLaren presente em mais de 130 países. Cada vez mais temos de ser um assessor e não um colocador de produtos de seguro. Claro que colocar produtos de seguro é a nossa vida, grande parte da nossa rentabilidade está aí mas primeiro temos de saber os riscos que os nossos clientes têm, ajudar a identificá-los e encontrar as melhores soluções para se protegerem.

Quais são as principais dificuldades que sente?

A resistência à mudança. porque é um mercado muito competitivo, o facto de haver uma tendência de mercado de se escolher apenas um parceiro, neste caso corretor, leva a que haja uma maior resistência à mudança mas com qualidade e diferenciação nós temos uma palavra a dizer. Estou muito confiante para o futuro.

Realizam todos os anos um ‘Global Risk Report’. O que pode avançar para 2017?

O relatório ainda não está feito mas a tendência dos últimos anos tem sido um reforço dos riscos políticos, um reforço dos riscos cibernéticos, o terrorismo tem crescido na escala de riscos globais e apostaria que estes três vão estar claramente no topo do Global Risk Report 2017.

Existe uma maior sensibilidade das empresas portuguesas para obter proteção para esse tipo de riscos?

Existe maior consciência de que é preciso fazer alguma coisa mas nem sempre a decisão é tomada, infelizmente.

Quais são os principais riscos a que as empresas portuguesas estão expostas? Existe algum padrão?

Os tipos de riscos são semelhantes aos dos outros países, embora com escalas diferentes. No terrorismo por exemplo e na cibernética há uma menor consciência do que em outros países, é crescente mas é menor. Acho que os riscos cibernéticos são tão eminentes aqui como em outras zonas do mundo. Em relação ao terrorismo, é verdade que temos o privilégio de beneficiar de uma maior segurança. Mas Em Portugal diria que são principalmente o risco cibernético, político e de catástrofes naturais.

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