O presidente da Câmara de Representantes norte-americana, Mike Johnson, bloqueou hoje a votação de resoluções, incluindo de congressistas do seu próprio Partido Republicano, exigindo ao governo a divulgação de informação sobre o caso do criminoso sexual Jeffrey Epstein.
Depois de ter antecipado para o final do dia de hoje as férias de cinco semanas dos congressistas, Johnson reiterou a sua oposição a qualquer iniciativa legislativa sobre o caso de Epstein, que está a causar tensões entre a Casa Branca e congressistas republicanos que estão eles próprios sob pressão da sua base de apoiantes, que rejeitam o que consideram ser uma tentativa de encobrimento.
É o caso do republicano Thomas Massie, que apresentou uma resolução exigindo divulgação de documentos sobre o caso, mas que não será votada por oposição de Johnson, que afirma tratar-se de uma “farsa política” promovida pelos democratas e que a divulgação de informação em bruto colocaria em risco as vítimas dos crimes atribuídos a Epstein.
Johnson negou hoje à imprensa qualquer tentativa de encobrir o caso e denunciou uma oposição democrata “sem vergonha” que, segundo ele, quer “explorar esta questão”, quando poderia ter publicado estes documentos enquanto esteve no poder nos últimos quatro anos.
Thomas Massie conta com o apoio da oposição democrata, que vê no caso uma forma de embaraçar ainda mais Donald Trump, que manteve relações próximas com Epstein durante muitos anos e que tem feito esforços visíveis para distrair a opinião pública, sem sucesso.
Na terça-feira, Thomas Massie acusou Johson de querer forçar os legisladores republicanos a “enterrar a cabeça na areia e deixar que a administração Trump tente, talvez, amenizar tudo isto, fornecendo algumas informações aos poucos”.
Johnson anunciou na terça-feira em Washington que a paralisação de um mês começará mais cedo do que o habitual, para dar “espaço” à Casa Branca para divulgar ela própria a informação sobre Epstein.
Sob pressão de segmentos conspiracionistas da sua base política para divulgar mais informações sobre o caso Epstein, criminoso sexual com quem manteve relações próximas durante décadas, Trump negou o conhecimento ou o envolvimento nos crimes de Epstein e disse que terminou a amizade há anos.
Na terça-feira, Trump evitou na Casa Branca questões sobre a decisão do Departamento de Justiça de questionar a ex-namorada de Jeffrey Epstein, Ghislaine Maxwell, que foi condenada por ajudar o milionário a abusar sexualmente de raparigas menores de idade e cumpre agora uma longa pena de prisão.
Em vez disso, aproveitou um novo relatório da sua diretora de informações, Tulsi Gabbard, que lança dúvidas sobre conclusões há muito estabelecidas sobre a interferência de Moscovo nas eleições de 2016, para acusar o ex-presidente Barack Obama (2009-2017) de liderar uma conspiração para deslegitimar a sua vitória eleitoral.
O porta-voz de Obama, Patrick Rodenbush, reagiu classificando como “ridícula” a declaração de Trump.
O procurador-geral adjunto, Todd Blanche, afirmou na terça-feira que, pela primeira vez, o Departamento de Justiça vai ouvir Ghislaine Maxwell.
O anúncio surgiu quando a procuradora-geral, Pam Bondi, está a ser alvo de críticas dos apoiantes mais fervorosos de Trump, que lhe pedem para cumprir a promessa de divulgar todas as provas dos crimes do falecido empresário.
A crise inesperada entre os membros do movimento MAGA (“Make America Great Again”, “Tornar a América Grande de Novo”) de Trump eclodiu depois de o FBI e o Departamento de Justiça terem concluído, na sequência de uma investigação, que o empresário afinal não tinha uma “lista de clientes famosos” para chantagear e confirmaram que a morte, em 2019, foi um suicídio.
Os apoiantes do Presidente manifestaram insatisfação com o Governo republicano, que tinha prometido durante a campanha eleitoral divulgar a lista de clientes, uma alegada agenda dos cúmplices de Epstein, que inclui celebridades e políticos influentes e tem sido o foco de várias teorias da conspiração de extrema-direita.
Trump – que recentemente defendeu o “grande trabalho” de Bondi – ordenou que o Departamento de Justiça divulgasse todas as “provas fiáveis” no caso, para apaziguar a base de apoio.
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