Os Digital Natives (indivíduos que nasceram e cresceram na era digital) têm acesso a informação numa quantidade, disponibilidade e rapidez nunca antes experimentados pela humanidade.

A partilha de conhecimento, o encontro de soluções para problemas resultado de interação coletiva é hoje uma realidade presente junto de quem faz parte de comunidades digitais a nível global. E isso é uma realidade ao alcance de praticamente todos, muito facilitada pelo desenvolvimento de serviços e plataformas colaborativas em tempo real cujo acesso é livre, democrático, intuitivo e global.

No contexto analógico, em que viveram os baby boomers, os digital immigrants (gerações que não nasceram no digital, e cuja adaptação à utilização de novas tecnologias foi gradual), informação era poder. Portanto, nas organizações, era entendido que a liderança era exercida a par da gestão da informação. Com a alteração substancial deste paradigma, que desafios são colocados a quem lidera pessoas nas organizações?

Em primeiro lugar, líder não é o que está na posse de informação, pois esse valor depreciou-se com as evoluções referidas. Líder é o que tem capacidade de identificar e gerir talentos, dando-lhes espaço para se afirmarem no conhecimento e, desta forma, no reconhecido contributo para a geração de valor coletivo. Líder é o que vibra com o crescimento das suas pessoas, com a sua satisfação e com a sua felicidade.

Por outro lado, lidera quem é capaz de lançar desafios às pessoas e às equipas, com uma abordagem sincera, humilde e, em simultâneo, estimulante. A procura de respostas às questões como o que será o nosso negócio nos próximos anos, como os nossos clientes evoluirão nos seus comportamentos e o que esperam de nós nesse contexto, serão os maiores estímulos para liderar a gestão da permanente mudança.

O reconhecimento da liderança por parte do coletivo de uma organização que se digitalizou, que trabalha em redes, que nasceu e cresceu a partilhar informação e a procurar soluções em conjunto, é o maior desafio que se coloca aos gestores que têm responsabilidades na gestão de equipas. Recordo-me que os primeiros passos a dar quando queríamos definir um plano de ação para chegar ao mercado e aos clientes era compreender o mercado, os concorrentes e os clientes a partir de estudos de mercado.

Hoje, o primeiro passo para chegarmos ao mercado e aos clientes é conquistar as pessoas da organização, no que mais as motiva e no que mais as envolve. A máxima de que pessoas satisfeitas geram clientes satisfeitos é, no contexto atual, absolutamente crucial e incontornável.

Liderança não mais se confunde com autoridade. Informação deixou de ser uma forma de exercício de poder. Os gestores colocam-se hoje perante o grande desafio do seu próprio upgrade na liderança para que não sejam enredados por uma ultrapassada e vã glória de mandar.