O desenvolvimento de um país também se mede pela força das instituições da sua sociedade civil. O Sporting é uma dessas instituições, um clube que, há mais de cem anos, nasceu da união de pessoas que quiseram contribuir para um mundo melhor, guiado pelos valores e ideais do desporto. Mas a liderança dessa instituição centenária está entregue a uma pessoa que, tendo em conta o comportamento recente, demonstra não compreender que só ocupa a presidência por uma razão: servir o Clube.

Em primeiro lugar, porque liderança significa serviço. Não é o clube que tem de agradecer a Bruno de Carvalho pelos serviços prestados, mas antes Bruno de Carvalho é que tem de agradecer ao Sporting pela oportunidade única que lhe foi concedida para trabalhar em prol da comunidade formada por todos os seus sócios e adeptos.

Em segundo lugar, em toda e qualquer circunstância, o que importa é o Clube, não o ego do seu presidente. Não interessa se os jogadores dizem mal do presidente, ou se não lhe enviam mensagens de parabéns pelo nascimento da filha; na verdade, não interessa se o treinador e os jogadores se estão a borrifar para o presidente, desde que não o estejam para o Clube. E se isso acontece, tanto num caso como no outro, é sempre culpa do presidente, porque se não é capaz de merecer o respeito da equipa então não tem capacidade para desempenhar as funções para as quais foi eleito.

Em terceiro lugar, o respeito conquista-se. Se Bruno de Carvalho liderasse pelo exemplo e colocasse o clube à frente dos seus interesses pessoais e estados de alma, não só os jogadores não estariam contra ele como a maioria dos seus opositores ficaria sem argumentos. Não tenho dúvidas de que a equipa estaria do lado de Bruno de Carvalho, se o presidente assumisse a responsabilidade tanto por aquilo que corre bem, como pelas coisas que correm mal, como se espera de um verdadeiro líder.

Mas um verdadeiro líder não alimentaria o clima de ódio e populismo que culminou nas bárbaras agressões contra o treinador e os jogadores do Sporting em Alcochete, num dia triste para o clube, para o desporto e para Portugal.

 

Nota: Como sabe quem me conhece, nunca dei muita importância ao futebol e não sou aquilo que geralmente se entende por “adepto”. Mas há muito tempo que isto deixou de ser apenas sobre futebol, como o chocante incidente de hoje em Alcochete demonstrou definitivamente. E o problema não está apenas no Sporting.