Existe ainda um equívoco que muitas vezes perdura pois tendemos a achar que a liderança é um tema puramente comporta mental. Contudo, estudos demonstram que a liderança tem um impacto direto no clima organizacional que por sua vez tem um impacto direto na performance financeira das empresas. Na perspetiva do “Show me the Money”, o clima e cultura da empresa têm o potencial de impactar até 1/3 dos resultados da empresa. Assim, liderança não é soft. A liderança tem um impacto direto nos bolsos dos acionistas. Num mundo em constante transformação, enfrentamos uma crise de liderança caracterizada pela falta de visão e incapacidade de adaptação. Os líderes atuais enfrentam desafios complexos que exigem uma combinação de habilidades técnicas e emocionais, além de uma abordagem mais flexível e inclusiva. Sem a capacidade de inspirar e mobilizar as suas equipas, muitas iniciativas fracassam, exacerbando a desconfiança e o descontentamento nas organizações. Para superar esta crise, é imperativo que os líderes se reinventem, adotando uma mentalidade aberta e uma capacidade de adotar o estilo de liderança que melhor se adequa ao contexto e desafio. Assim, na minha opinião a liderança não é uma característica inata e também não resulta da personalidade de cada um, mas é antes uma opção estratégica pois podemos adotar estilos diferentes contribuindo assim para melhor eficácia da organização. O Daniel Goleman oferece uma perspetiva indispensável a este conceito da adaptação do estilo ao contexto. Ao identificar seis estilos de liderança que qualquer líder pode adotar: Coercivo, Visionário, Afiliativo, Democrático, Modelador e Coach, ele explica-nos como é que cada um destes estilos tem o seu próprio impacto no clima organizacional e no desempenho da equipa, sendo essencial entender como e quando utilizar cada um deles para maximizar a eficácia da liderança. O Goleman refere ainda que os líderes mais eficazes são aqueles que conseguem dominar 4 ou mais dos 6 estilos referidos em cima. E embora seja crucial adaptar o estilo de liderança às circunstâncias e à dinâmica da equipa, por vezes surge a questão do quanto um líder deve ser autêntico ao alternar entre diferentes estilos. Aqui entra o paradoxo da autenticidade de Hermínia Ibarra. No seu trabalho, Ibarra argumenta que a autenticidade não significa aderir rigidamente a uma versão fixa de si mesmo, mas sim ser capaz de adaptar-se de forma a atender às necessidades da equipa e da organização. Esta adaptabilidade é fundamental para a eficácia da liderança. “What got you here won´t get you there” é uma frase de Marshall Goldsmith que traduz um pouco esta adaptabilidade fundamental. Por outras palavras, “O que te trouxe até aqui, não te levará até lá”, traz o conceito de reinventar-se, aperfeiçoar–se e sair da sua zona de conforto. Adotar diferentes estilos de liderança conforme necessário é uma estratégia poderosa para fomentar um ambiente de trabalho resiliente, inovador e comprometido. Assim, liderar com flexibilidade e autenticidade, enquanto se mantém a coerência com os valores e objetivos da organização, é a chave para uma liderança eficaz e estratégica no mundo dinâmico de hoje.