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Lisboa declara emergência climática juntamente com 93 cidades mundiais

Neste novo pacto foram definidos quatro principais princípios, entre os quais um já está realizado. O primeiro princípio prima para que a emergência climática global seja reconhecida, tendo já sido reconhecida por 94 cidades mundiais.
9 Outubro 2019, 19h48

Diversas cidades declararam oficialmente que o mundo está a viver uma situação de emergência climática. A reunião do C40 aconteceu esta quarta-feira, 9 de outubro, em Copenhaga e reuniu os autarcas de 94 cidades mundiais que pretendem implementar uma nova ação climática.

Lisboa faz parte do grupo de cidades que assinou o Novo Pacto Verde Global, no qual reconhece a existência de uma emergência climática global. Com a assinatura deste pacto internacional, as cidades reafirmam o compromisso para com a proteção do ambiente, o reforço da economia e o corte de emissões nos setores mais responsáveis pela crise climática, entre os quais se encontram os transportes, indústria, edifícios e resíduos.

“Lisboa reconheceu a urgência da ação climática há mais de uma década, mas a atual emergência climática global requer uma ação mais rápida e forte”, lembrou Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa. “As cidades podem ter o impacto mais significativo nesta ação e é por isso que as cidades do C40 estão a liderar o Novo Pacto Verde Global, não apenas com os nossos planos, mas com as nossas ações”, disse o português em Copenhaga.

“Somos a última geração que pode levar a cabo a mudança que é necessária. Todos temos de nos comprometer com uma forma de vida com menos emissões de carbono e todos temos que nos comprometer connosco e com o planeta”, garantiu o autarca de Lisboa.

A assinatura de 94 cidades mundiais pretende colocar a ação climática no centro de todas as tomadas de decisão a nível urbano, de forma a assegurar uma transição justa para os que trabalham nas indústrias mais poluentes e para combater as injustiças ambientais para quem é diretamente afetado por esta crise.

Para evitar grandes impactos, é necessário cortar as emissões globais para metade até ao ano de 2030. Algumas políticas já se encontram em cursos nestas cidades, devido ao compromisso assinado por vários presidentes de câmara sobre ‘Edifícios Neutros em Carbono’, ‘Avançar para Resíduos Zero’ e ‘Ruas Verdes e Saudáveis’.

“Como autarcas, a nossa primeira prioridade é proteger a segurança dos nossos cidadãos”, afirmou a presidente da Câmara de Paris e atual presidente do C40, Anne Hidalgo. “Fará em breve quatro anos desde que o Acordo de Paris foi assinado na nossa cidade. Os líderes mundiais encontraram-se em Nova Iorque no mês passado e mais uma vez não foram capazes de chegar a qualquer acordo próximo do nível de ação necessário para travar a crise climática”, sustentou.

“Não há outra solução senão um Novo Pacto Verde Global como instrumento chave para ganhar esta corrida em contra-relógio. No que diz respeito a ação climática, ninguém está a fazer mais do que as cidades, mas ninguém está a fazer ainda o suficiente”, sublinhou o presidente da Câmara de Los Angeles, Eric Garcetti.

Alexandria Ocasio-Cortez, uma das responsáveis pelo New Green Deal, esteve presente em Copenhaga e afirmou estar “inspirada por esta aliança e pelos compromissos assumidos para um Novo Pacto Verde Global. Se trabalharmos para unir esforços a nível global, seremos capazes de derrotar a nossa maior ameaça e aproveitar a nossa maior oportunidade”.

Alguns dados revelados na conferência indicam que 30 cidades, entre as quais se encontra Lisboa, já atingiram o pico de emissões e estão a realizar rápidos progressos para reduzi-las e atingir a neutralidade. A cidade de Lisboa, por sua vez, atingiu o pico de emissões em 2009 e tem vindo a reduzir as mesmas desde essa data.

O que é definido no Novo Pacto Verde Global?

Neste novo pacto foram definidos quatro principais princípios, entre os quais um já está realizado. O primeiro princípio prima para que a emergência climática global seja reconhecida.

“Comprometemo-nos a manter o aquecimento global abaixo da meta do Acordo de Paris de 1,5º Celsius, travando as emissões nos setores que mais contribuem para a crise climática: transportes, indústria, edifícios e resíduos”. Com as cidades que assinaram o pacto a reduzir as emissões a um ritmo consistente, o pico de emissões deve ser atingido até ao próximo ano e reduzido para metade até 2030.

A ação climática vai ainda ficar no centro de todas as tomadas de decisão urbanas “para criar comunidades prósperas e justas para todos”. “O nosso compromisso inclui proteger o trabalho, ajudar a acabar com a pobreza, melhorar as vidas dos cidadãos, construindo sociedades mais justas e assegurando uma transição justa para os que trabalham nas indústrias mais poluidoras”, garante este novo pacto.

Outros líderes políticos são convidados a reconhecer a emergência climática. Os afetados pelas alterações climáticas deverão formar uma aliança para responder a esta mesma crise. “Trabalharemos de forma próxima com os mais jovens das nossas cidades para ajudar a criar o futuro sustentável que eles querem, abrindo-lhes um caminho entre o fazer-se ouvir nas ruas e o desenvolvimento de políticas e projetos nos governos das cidades”.

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