A conclusão é unânime. A formação dos jovens advogados e a passagem do conhecimento nas sociedades foram os aspectos mais prejudicados pela pandemia da Covid-19. O tema “Os desafios da advocacia societária durante o Covid19. O que ficará para o futuro”, um dos seis abordados esta terça-feira, 14 de dezembro, no Lisbon Law Summit, que decorre na Universidade Católica Portuguesa em Lisboa, sentou à mesa quatro advogados: Rui Gomes da Silva, Leonor Costa Freitas, Sócia da GPA Advogados, Hugo Teixeira, Sócio Contratado da Abreu Advogados, e Inês Palma Ramalho, advogada do departamento de Financeiro e Governance da Sérvulo.
O Jornal Económico é media partner da iniciativa, cuja anfitriã é nesta terceira edição a Escola de Lisboa da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa. O seu Diretor, Jorge Pereira da Costa, na foto, presidiu à sessão de abertura e falou do triplo desafio que enfrenta o ensino do Direito: globalização, tecnologia e ética.
Leonor Costa Freitas recuou a março de 2020, lembrando que, de um dia para o outro, as cento e tal pessoas da firma foram trabalhar para casa, mas o escritório nunca esteve totalmente fechado. “Adaptámo-nos muito rapidamente”, afirmou, admitindo, no entanto, que se torna mais exigente manter o espírito de equipa e a cultura do escritório, mas o mais difícil mesmo foi dar acompanhamento aos mais jovens. A advogada é adepta de um sistema misto, que “tem que ser gerido caso a caso, conforme os departamentos e a maneira de trabalhar de cada um. Por enquanto, acrescentou: “vamos identificando tendências”.
Hugo Teixeira, da Abreu Advogados, lamentou não ter podido usufruir das novas instalações junto ao rio para onde a sociedade mudara na vésperas da pandemia, apesar disso, a adaptação em casa foi fácil e com ganhos evidentes: “tornámo-nos mais produtivos em muitas situações”, salientou, acrescentando que também foi possível perceber coisas comezinhas como a de que é muito mais grave chegar dois minutos atrasado a uma reunião por Zoom do que 10 ou 15 minutos a uma reunião física. Usou a palavra flexibilidade para aludir ao futuro.
Inês Palma Ramalho revelou ter sido mãe durante a pandemia e confessou-se fã do teletrabalho. Disse que a Sérvulo tinha realizado um investimento muito grande na Informática e existia já muita autonomia na firma, o que facilitou todo o processo de trabalho neste período de pandemia. “Quanto mais novo for o advogado, mais complicado é estar em ‘remote’, porque aprende menos” e, sim, “perderam-se alguns momentos de aprendizagem importantes nos mais novos por conta da pandemia”.
Rui Gomes da Silva foi a voz dissonante no painel. Confessou não ter falhado um só dia no escritório, nem outra coisa faria sentido, salientou – “o escritório é um lugar sagrado na Advocacia; não é um call, center. A vulgarização do Zoom e do teletrabalho está a dar cabo da profissão… e na perspetiva dos mais novos é muito pior”.
Negócio a crescer
Do ponto de vista do negócio, os quase dois anos de pandemia, são bons anos. O primeiro melhor do que o anterior e o segundo melhor do que o primeiro. Nenhuma área cresceu exponencialmente, mas há áreas com crescimento assinalável como as tecnologias, as fintechs, a cibersegurança e a protecção de dados e logo, logo a seguir ao deflagar da crise sanitária, com os lay-off, a área laboral. O turismo e a hotelaria caíram, mas já estão em recuperação acelerada. Rui Gomes da Silva elege a saúde como área de futuro e assinala uma diminuição crescente do contencioso. Uma última palavra para a burocracia. “Aumentou imenso e a demora também”.
A Lisbon Law Summit é organizada pelo Lisbon Awards Group, vai na terceira edição e pretende juntar a elite jurídica nacional para o debate de várias temáticas sobre as novas práticas da advocacia bem como dos temas mais quentes da área do Direito.
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