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Livre, BE e PAN firmam acordo com apelos ao voto de socialistas descontentes

Depois da assinatura do acordo, os três dirigentes falaram aos jornalistas, tendo abordado a demolição de barracas no bairro do Talude, em Loures, decretada pelo presidente da Câmara Municipal local, o socialista Ricardo Leão.
O cabeça de lista por Lisboa do partido Livre, Rui Tavares, momentos antes da entrega das listas de candidatos a deputados à Assembleia da República pelo círculo de Lisboa, no Juízo Central Cível de Lisboa, Palácio da Justiça, em Lisboa, 20 de dezembro de 2021. As eleições legislativas realizam-se a 30 de janeiro. ANDRÉ KOSTERS/LUSA
27 Julho 2025, 15h01

Livre, BE e PAN firmaram este domingo um acordo de coligação pré-eleitoral para as autárquicas em Loures, com apelos ao voto de socialistas descontentes com a governação do autarca Ricardo Leão.

O acordo foi firmado no Parque Adão Barata, em Loures, e contou com a presença do porta-voz do Livre, Rui Tavares, da porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, e do ex-líder parlamentar do BE e candidato à Câmara de Loures em 2017 e 2021, Fabian Figueiredo. A coligação, designada ‘Construir o futuro’, terá como cabeça de lista Luís Sousa.

Depois da assinatura do acordo, os três dirigentes falaram aos jornalistas, tendo abordado a demolição de barracas no bairro do Talude, em Loures, decretada pelo presidente da Câmara Municipal local, o socialista Ricardo Leão.

Rui Tavares acusou os grandes partidos de acharem que “a maneira de fazer política agora é ir atrás da espuma dos dias e de quem consegue mais cliques nas redes sociais ou mais minutos nas televisões”, frisando que a coligação agora firmada entre Livre, BE e PAN defende uma “política de boa vizinhança, de entreajuda, de respeito”.

O porta-voz do Livre deixou um apelo ao voto aos socialistas que “se reveem na memória de grandes autarcas, como Jorge Sampaio ou João Soares”, e deixou críticas ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, que acusou de estar “sentado em cima” do Fundo de Emergência para Habitação, proposto pelo seu partido e aprovado no âmbito do Orçamento do Estado para 2024, dotado de “mais de 100 milhões” de euros.

“Estão lá para utilizar precisamente para isto: alojamento de emergência, para impedir que pessoas que falharam uma prestação, uma renda, fiquem sem casa, para impedir que problemas que podem momentâneos se tornem problemas enormes porque o Luís não quer trabalhar e o Leão não o quer obrigar a trabalhar”, frisou.

Por sua vez, a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, considerou que em Loures se está a assistir uma “traição aos ditos valores socialistas”, pedindo o voto de quem, “independentemente do partido em que votaram nas anteriores autárquicas”, se revê em valores “humanistas, de respeito e responsabilidade”.

“Ninguém escolhe morar numa barraca. (…) Longe vão os tempos, infelizmente, em que os autarcas se orgulhavam de entregar chaves às pessoas para que morassem condignamente em bairros sociais, para agora demolir-se, expulsar-se as pessoas do pouco teto que tinham antes para viver”, disse.

Sousa Real assegurou que essa não é a forma de trabalhar da coligação Livre, BE, PAN, afirmando que é “verdadeiramente humanista e traz valores não só socialistas, mas acima de tudo humanitários, do progresso e da preocupação de ambiental”.

Já Fabian Figueiredo considerou que, ao constituírem esta coligação em Loures, Livre, BE e PAN “dão um sinal importante que as pessoas decentes sabem unir-se e construir programas para trazer uma alternativa”.

“E Loures precisa urgentemente de uma alternativa que ponha a dignidade da pessoa humana no centro das políticas, que tenha autarcas decentes, combativos, que façam as batalhas pelas quais vale a pena estar na vida pública: garantir a casa, transportes públicos, serviços públicos fortes”, disse.

Fabian Figueiredo considerou, contudo, que o “poder estabelecido em Loures tem sido um susto”, recordando que, em 2017, Ricardo Leão criticou o PSD por ter apresentado André Ventura no município e, agora, “faz exatamente o mesmo discurso” do Chega.

“Isto é indecente e é por isso que nós dizemos, de forma muito aberta, que toda a gente que quer políticas decentes, empáticas, humanistas, progressistas e ecologistas, é bem-vindo a esta coligação”, disse, deixando um apelo direito aos socialistas.

“Se a liderança do PS não sabe estar à altura do momento de traçar as linhas vermelhas pela decência, o BE, o Livre, o PAN e as dezenas de independentes que compõem estas listas, estão”, garantiu.

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