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Livro: “A Arte de Coleccionar Moscas”

A meio caminho entre livro de memórias, lição de história natural e reflexão filosófica, este livro do sueco Fredrik Sjöberg revela-se uma curiosa meditação sobre a felicidade, que não abdica do humor.
Foto: Stina Stjernkvist
3 Maio 2025, 11h05

A Suécia não tem apenas os ABBA, os Volvo, o Björn Borg e o cozinheiro dos Marretas; no país escandinavo há quem dedique a vida a estudar as moscas-das-flores que, dado terem o abdómen às riscas amarelas e pretas, o comum dos mortais poderia, tão fácil como erradamente, confundir com abelhas ou zangões.

Uma vida de estudo granjeou ao entomólogo Fredrik Sjöberg o extraordinário feito de ter descoberto 202 espécies deste inseto na ilha onde vive, que tem uns meros 15 quilómetros quadrados. Esta e outras histórias encontram-se em “A Arte de Coleccionar Moscas”, sucesso internacional agora vertido para a nossa língua por Isabel Gouveia (a partir da tradução inglesa), numa edição da Livros Zigurate.

 

 

Para além de recordar Carl Lineu (1707-1778), o naturalista que criou uma importante classificação biológica, Sjöberg recupera a figura de René Malaise (1892-1978) que deu cartas na arte de dissecar a vida dos insetos, tendo mesmo inventado uma rede a que se daria o seu nome, poderosa armadilha onde caem inúmeros bichinhos voadores que, por serem mais velozes que as contemplativas borboletas, não se deixam apanhar com tanta facilidade. Malaise foi um grande explorador, tendo passado anos na província de Kamchatka, no longínquo leste da Rússia.

Sjöberg escreveu um livro verdadeiramente divertido, com belas passagens sobre a natureza, onde convivem, para além do referido Malaise, D.H. Lawrence (mais dado a amores carnais) e Bruce Chatwin (que preferia colecionar pessoas).

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