Livro: “Algumas cousas sabidas da China”

Os problemas comerciais entre a Europa e a China não são de agora. Já no primeiro quartel do século XVI, os portugueses haviam sido banidos da China e o comércio entre chineses e estrangeiros foi proibido por decreto imperial de 1522. Mas, apesar de clandestino, manteve-se no litoral sul da China até 1548, pois os comerciantes de ambos os lados tiravam lucros chorudos.

Entre o contingente de portugueses na Ásia, encontrava-se o filho do Alcaide-mor de Arraiolos, Galeote Pereira, que embarcou para a Índia no ano de 1534, numa armada sob comando de Martim Afonso de Sousa (na qual se encontrava, também, Garcia de Orta). Aí fez vida de soldado mercador, ora militando ao serviço da Coroa portuguesa, ora comerciando em benefício próprio. Em Malaca, chegou a servir sob as ordens do capitão Pêro de Faria, patrono de Fernão Mendes Pinto.

No ano de 1548, acompanhou Diogo Pereira, amigo do jesuíta Francisco Xavier, ao Sião e, mais tarde, embarcou para a China onde aquele mercador açoriano pretendia vender a fazenda siamesa que trouxera. Não o conseguindo fazer, deixou no litoral chinês dois juncos carregados de mercadorias e com 30 portugueses a bordo, que deveriam regressar a Malaca após concluída a venda.

Regras mais apertadas implementadas pelo novo governador chinês da região levaram à apreensão dos navios, à prisão de Galeote Pereira e à condenação ao exílio na província de Guangxi. Após três anos e meio de cativeiro, conseguiu sair da China, tendo começado a redigir o seu relato sobre aquele império, que viria a tornar-se conhecido ainda no século XVI, muito graças aos missionários jesuítas que compilavam todas as informações sobre o ainda pouco conhecido império chinês.

É esse manuscrito que a Livros de Bordo agora disponibiliza, com fixação de texto e prefácio de Rui Manuel Loureiro.

Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.