[weglot_switcher]

Livro: “Amo a Rússia”

Este livro é um daqueles extraordinários exemplos de um jornalismo que quer documentar a verdade e recusa ser silenciado. Elena Kostyuchenko superou a tentativa de envenenamento, um dos métodos preferidos do regime putinista para eliminar vozes incómodas.
12 Abril 2025, 11h06

“Amo a Rússia”, de Elena Kostyuchenko, é um daqueles extraordinários exemplos de um jornalismo que quer documentar a verdade e recusa ser silenciado, apesar das consequências, na linha de trabalho da sua compatriota e fonte de inspiração Anna Politkovskaya (colega no “Novaya Gazeta” que, a 7 de outubro de 2006, data do aniversário de Putin, foi assassinada à porta de casa) ou da bielorussa Svetlana Aleksievitch.

O livro inclui reportagens feitas nos últimos 15 anos: raparigas das aldeias recrutadas para trabalho sexual; uma investigação ambiental em Norilsk, cidade mineira no Ártico; adolescentes que fogem de casa; a guerra na Ucrânia, que começou a cobrir logo em março de 2022, quando atravessou a fronteira, para que os russos pudessem conhecer os horrores que Putin cometia em nome deles. São muitos os retratos de gente nas margens, uma realidade na Rússia que, no Ocidente, temos dificuldade em conceber.

 

 

Depois da publicação da reportagem sobre a Ucrânia, o jornal foi forçado a encerrar e ela envenenada – tendo sobrevivido –, um dos métodos preferidos por um sistema brutal para eliminar os seus inimigos. Aliás, a lista de colaboradores do jornal que foram assassinados é impressionante e vem testemunhar, ainda mais, a coragem da autora, nascida em Yaroslavl, em 1987, e distinguida com o European Press Prize, o Gerd Bucerius Award e o Paul Klebnikov Prize.

Editado pela Temas e Debates, o livro foi traduzido por Mário Dias Correia, a partir da tradução para o inglês de Bela Shayevich e Ilona Yazhbin Chavasse.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.