Caminhar como um ato político. Quando colocamos um pé à frente do outro, o ritmo da passada e o vagabundeio do olhar tendem a convocar a mente à reflexão. Ou seja, caminhar é uma experiência simultaneamente física e mental; exercitamos as células cinzentas e os músculos dos membros inferiores. Aliás, como nos ensinaram os peripatéticos na Antiguidade.
Prática exaltada pelo norte-americano Henry David Thoreau (autor de “Walden ou a Vida nos Bosques”), levada a cabo de forma intempestiva por Rimbaud (o poeta aventureiro e traficante), de maneira mais calma e contemplativa por Nietzsche (nos verões passados na então remota região alpina de Sils Maria, entre 1881 and 1888, o filósofo alemão caminhava incessantemente – mais do que um mero exercício, tornou-se uma forma de viver e trabalhar) e como hábito inquebrantável por parte de Kant (nunca tendo saído da sua cidade natal de Königsberg, calcorreou tanto a alameda das tílias, que esta hoje se chama Passeio do Filósofo).
Do Tibete ao México, de Jerusalém às florestas de Thoreau, o autor recorda-nos que “na caminhada, encontramos momentos de prazer puro (…). O sabor das framboesas, dos mirtilos, a doçura de um sol de Verão, a frescura de um regato.”
Frédéric Gros (1965) é professor de Filosofia na Universidade de Paris X. Na sua obra, sejam artigos, ensaios, romances ou estudos filosóficos, notamos uma insistência no inconformismo e no imperativo de cada pessoa pensar por si própria, em vez de seguir pelos caminhos traçados por outros, invariavelmente apresentados como os únicos possíveis, seguros ou aceitáveis.
“Caminhar – Uma Filosofia” é editado pela Antígona e tem tradução de Inês Fraga.
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