Livro: “Das Plantas num Livro”
A botânica pode ser muito traiçoeira: se ‘balaústio’ tivesse vingado em vez do nome comum pelo qual as conhecemos, provavelmente não teriam sido dedicados tantos poemas às sensuais, carnudas e saborosas romãs, as “maçãs da Fenícia existentes nas proximidades de Cartago”, como se lhes referiu Plínio na sua “História Natural”.
“Das Plantas num Livro – Um ensaio deambulatório sobre Botânica, História e Literatura”, de Ivo Meco, é apresentado como um exercício de convergência entre divulgação científica e prosa poética. Este novo livro do autor de “Jardins de Lisboa – Histórias de Espaços, Plantas e Pessoas” é uma viagem permanente entre botânica, literatura e arte, com incursões nos mais variados ecossistemas em todo o planeta, das selvas verdejantes dos trópicos à floresta boreal da Sibéria ou dos gigantescos eucaliptais australianos às nossas serras do nordeste transmontano, com as suas bétulas.
Por entre citações literárias ou cinematográficas e pormenores da história apaixonante do mundo natural – e da nossa relação com ele –, como não nos encantarmos com o cordeirinho-das-praias, assustarmos com a figueira-estranguladora, sentirmos compaixão pela palmeira-solitária ou respeito pelo bico dos bonitos e delicados guarda-rios (só o nome já nos deixa em êxtase) que inspiraram o formato dos comboios de alta-velocidade japoneses?
Este livro de Ivo Meco, publicado pela Pergaminho, é para ler como quem contempla a floração das cerejeiras; ou seja, com placidez e maravilhamento.
Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.
