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Livro: “Dersu Uzala”

Este relato de uma exploração nos confins da Sibéria e da China é, também, e acima de tudo, uma ode à amizade, à partilha de conhecimento, à confiança mútua. Inspirador e intemporal.
25 Novembro 2023, 11h00

“Dersu Uzala” não será desconhecido para os mais atentos ao cinema japonês – em particular, ao de Akira Kurosawa, que com ele venceu o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. Mas, como acontece algumas vezes, ainda que passo passar despercebido, o filme é baseado num livro, publicado em Vladivostoque, em 1923, no qual o explorador russo Vladimir Arseniev (1872-1930) relata a história verídica de uma profunda amizade.

 

 

Oficial do exército e topógrafo, Arseniev explora, em 1907 e 1908, a remota região de Ussuriiski, nos confins da Sibéria e da China, regiões ainda mal conhecidas e a necessitarem de ser cartografadas. Numa noite, numa das expedições na taiga, encontra um velho caçador de ouro, Dersu Uzala, que viria a tornar-se o seu guia – e que o salva repetidamente e lhe ensina a arte de sobreviver.

A sabedoria do caçador (por exemplo, a interpretação do que sobrara de uma fogueira na beira de um rio é digna de um verdadeiro observador da espécie humana) impressiona os cientistas e os soldados que os acompanham e revela-se preciosa, seja nas travessias de rios após tremendas tempestades, a cozinhar animais ou qualquer outra das várias exigências inerentes à expedição.

Dois homens tão diferentes e distantes em termos de educação, mas tão próximos quando no seio da natureza selvagem, natureza essa que Arseniev descreve com uma beleza tão comovente como precisa, ao ponto de nos sentirmos lá – ainda que, para Dersu, esta não careça de descrição nem explicação.

O mais recente volume da coleção de viagens da Tinta da China tem tradução, prefácio e notas de Larissa Shotropa e João Maria Lourenço.

Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.

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