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Livro: “Júlio de Castilho, Mestre da Lisboa Antiga”

António Feliciano de Castilho refere-se ao seu filho primogénito, Júlio de Castilho, como alguém brilhante, mas não lhe augura grande futuro. Acabou, depois, por exceder (em muito) as expectativas.
7 Setembro 2024, 11h07

“É uma pena que este rapaz seja tonto; déra-lhe Deus uns poucos de talentos que a serem devidamente aproveitados o tornariam muito distincto; mas a nenhum d’elles cultiva como deve ser: Tem bello ouvido para a música, e linda voz de tenor; principiou com o piano quando principiou a irmã, mas aborreceu-se logo, e largou-o; se alguma coisa canta, é de orelha. (…) desenha com facilidade, fidelidade e gosto; mas os estudos que poderiam fazer d’elle um bom pintor, assarapantam a sua preguiça, e nunca hade passar afinal de um curioso.”

É desta forma que António Feliciano de Castilho (a quem seria dado o nome de uma das principais artérias de Lisboa) se refere ao fundador dos estudos olisiponenses e seu filho primogénito, Júlio de Castilho, em correspondência trocada com o seu irmão, que vivia do outro lado do Atlântico.

A importância que Júlio de Castilho viria a ter para a cidade de Lisboa veio desmentir a fraca expectativa que o seu progenitor nele depositava. Castilho nasceu em Lisboa, em 1840.

Uma das suas primeiras recordações de infância terá sido a ascensão em balão cativo, junto à inacabada igreja do Convento de São Francisco, com apenas quatro ou cinco anos. Foi governador civil da Horta, visitou Paris e Londres, ocupou fugazmente o cargo de cônsul-geral de Portugal em Zanzibar (na viagem de ida, teve de passar um mês na ilha de Moçambique, pois desembarcara precisamente no primeiro dia do Ramadão) e foi professor do príncipe herdeiro, D. Luís Filipe. Morreu na sua cidade natal, em 1919.

“Júlio de Castilho, Mestre da Lisboa Antiga”, de Tiago Borges Lourenço e Raquel Seixas é uma coedição da Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Câmara Municipal de Lisboa e Universidade Nova de Lisboa, fazendo parte da coleção Olisipógrafos. Os Cronistas de Lisboa, e contando com um texto introdutório pela historiadora de arte Raquel Henriques da Silva.

Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.

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