Foi graças a um belíssimo texto publicado em 1907 na revista “The Lady’s Home Companion”, que seria incluído em “O Cruzeiro do Snark” (1911), que Jack London salvou o surf, então um moribundo desporto praticado pelos nativos das ilhas do Pacífico Sul e intrinsecamente ligado à hierarquia e costumes sociais da sociedade local.
Como tantos dos (poucos) estrangeiros que na altura chegavam ao Hawai, London e a mulher não resistem ao fascínio das areias pristinas onde as árvores se baixam para roçar as águas, nem aos encantos de uma maior liberdade (e, claro, um certo exotismo) – basta recordar a relação de Paul Gauguin ou Pierre Loti com o Taiti.
London equipara o surfista a uma estátua impassível de um deus marinho emergindo das profundezas do mar, que rapidamente chega à costa da praia paradisíaca no cimo da espuma da onda. Em breve, aprenderá a técnica e conseguirá domar a assustadora magnificência das vagas, como os miúdos que por ali brincam despreocupadamente.
Há quem defenda que o primeiro contacto dos europeus com o Hawai se terá dado antes da chegada do Capitão Cook e que alguns dos primeiros estrangeiros a fixarem-se nessas ilhas terão sido baleeiros açorianos. É precisamente a história da chegada destes homens ao arquipélago do Pacífico que narra Pedro Arruda neste enciclopédico “O Mais Velho Surfista do Atlântico. Uma história do surfing nos Açores”, editado pela Tinta da China. Uma viagem fascinante das ondas do Pacífico às ondas do Atlântico.
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