Decorriam ontem as últimas negociações para o fecho do acordo de venda do Novobanco ao Banque Populaire – Caisse d’Épargne (BPCE), o quarto maior grupo bancário francês.
A venda do Novobanco será feita a 100% sabe o Jornal Económico (JE), já que será exercida a cláusula de drag-along que obriga quer a Direção-geral do Tesouro e Finanças (DGTF), com 11,46%, quer o Fundo de Resolução, com 13,54%, a venderem as participações acompanhando a Lone Star.
O grupo francês Banque Populaire – Caisse d’Épargne (BPCE) ofereceu um valor superior ao que o espanhol CaixaBank tinha proposto pelo Novobanco, tal como avançou quarta-feira a agência de notícias “Bloomberg”.
A solução de venda ao grupo francês é aquela que reuniu sempre menos obstáculos. O grupo em Portugal tem uma presença residual (tem o Banco Primus, uma sucursal do Natixis e 50,1% do banco digital Oney Bank), pelo que não dispara alarmes da Autoridade da Concorrência. Depois é o regresso da presença da banca francesa de retalho a Portugal, e a probabilidade de manter o Novobanco como banco autónomo é maior. É possível até que nas condições de venda ao BPCE esteja definido a manutenção do Novobanco como banco de direito português.
O BPCE Groupe tem o Banque Populaire, o Caisse d’Épargne, q Ostrum Asset Management, o Crédit Foncier, a BPCE Lease e a BPCE Factor. Também atua globalmente na gestão de ativos e patrimónios, com a Natixis Investment Managers, e na banca de investimento com o Natixis Corporate & Investment Banking.
A opção por uma Oferta Pública Inicial (IPO) de 30% do capital esteve a ser trabalhada até à 25ª hora, com o CEO, Mark Bourke, a ter estado em roadshow, em Londres, com potenciais investidores ainda no início da semana.
A avaliação do Novobanco terá em conta os dividendos anunciados no valor de 1,3 mil milhões e o valor dos ativos por impostos diferidos (que servem de créditos fiscais) e que ascendem a perto de 1,3 mil milhões de euros, segundo noticiou recentemente o jornal “Público”.
O JB Capital, numa análise ao Novobanco, disse mesmo que os DTAs (ativos por impostos diferidos) “são um tesouro escondido” no banco. A taxa de imposto reportada pelo Novobanco teve uma média de 5% entre 2021 e 2023, uma vez que tem vindo a amortizar os seus créditos fiscais fruto de prejuízos passados, escreveram os analistas.
“Na nota, exploramos detalhadamente os DTAs do Novobanco e explicamos como o banco poderia beneficiar destes ativos. O Novobanco tinha 900 milhões de euros em DTAs no seu balanço e 1,5 mil milhões de euros fora do balanço no terceiro trimestre de 2024. Estimamos que os DTA possam acrescentar cerca de 0,5 mil milhões de euros à nossa avaliação”, defendeu o JB Capital.
O JB Capital, em fevereiro, estimava que o banco pudesse ser avaliado “entre 4,8 mil milhões de euros e 6,2 mil milhões de euros como entidade autónoma e assumindo um dividendo de 1,3 mil milhões a montante antes de qualquer transação”. Valor este que supera os cinco mil milhões de euros de média de avaliações feita pela PwC a pedido pelo Fundo de Resolução que tem 13,5% do banco. O valor contabilístico do Novobanco, de acordo com o valor registado no Balanço do Fundo de Resolução, é de 1,8 mil milhões de euros.
Com esta aquisição o Groupe BPCE, que tem como CEO Nicolas Namias, compra o quarto maior banco de retalho português com 42,4 mil milhões de euros de ativos.
Uma proposta mais agradável
Para trás fica o CaixaBank que não cobriu a oferta dos franceses para comprar o Novobanco e perde assim a oportunidade de fazer crescer o BPI. A solução Caixabank não agradava nem ao Governo, nem ao governador do Banco de Portugal, nem aos banqueiros portugueses.
Os bancos CGD e BCP também ficam sem possibilidade de serem protagonistas naquela que promete ser um dos maiores negócios de fusões bancárias na Europa.
Por outro lado, os bancos, que são contribuintes para o Fundo de Resolução ficam a ganhar com a venda por causa do encaixe que a instituição liderada por Luís Máximo dos Santos irá obter. Imaginando que a venda se faz por seis mil milhões de euros, o Fundo tem um encaixe de 688 milhões de euros e uma mais-valia de 442 milhões face ao valor contabilístico da sua participação que é de 246,2 milhões de euros.
O Lone Star, que investiu mil milhões de euros na aquisição dos 75% do Novobanco em 2017, se o banco for vendido por 6 mil milhões, encaixa 4,5 mil milhões de euros, o que é uma valorização importante para um fundo de private equity.
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