Nos últimos meses, os consumidores têm vindo a testemunhar uma realidade económica cheia de desafios, marcada pelo significativo aumento dos preços dos bens e serviços e, consequentemente, pela quebra no poder de compra. Uma simples ida ao supermercado, por exemplo, tornou-se num momento de grande ponderação na escolha dos produtos muitas vezes considerados básicos.
Perante este cenário, os consumidores veem-se confrontados com a necessidade de repensar a sua forma de consumir para gerir, do melhor modo possível, o orçamento familiar cada vez mais pressionado. A exploração de alternativas como o low-cost, por exemplo, revela-se para mais de 75% dos consumidores como uma resposta pragmática para gerir os recursos financeiros de forma mais eficaz.
Atendendo a esta lógica de poupança, o mais recente estudo realizado pelo Observador Cetelem sobre o consumo low-cost revela que o número de consumidores que escolhem produtos de baixo custo tem vindo a aumentar, seja por necessidade, seja por opção. Os números apontam que 41% dos consumidores tencionam aumentar a compra de produtos low-cost por necessidade e 59% por opção.
A premissa do low-cost é simples: permitir que os consumidores satisfaçam as suas necessidades ou desejos básicos através da compra de produtos a baixo custo, sem comprometer o equilíbrio financeiro. A acessibilidade em termos de preço é o que torna o low-cost tão apelativo e necessário em situações de crise, permitindo alocar recursos financeiros para outras áreas tão essenciais, como educação ou saúde.
Além das dificuldades financeiras que os consumidores enfrentam, existem outras razões para o aumento do consumo de produtos de baixo custo, a começar pela informação. Atualmente, os consumidores estão cada vez mais informados e recusam-se a pagar um preço elevado caso não lhes pareça justo ou adequado, com pouco mais de 30% a referir esta razão como uma das principais. Existem também consumidores que apontam semelhanças entre caraterísticas essenciais relativas à qualidade entre produtos de distribuição tradicional e de baixo custo.
Neste contexto, as marcas que adotarem uma abordagem de baixo custo têm a oportunidade de conquistar uma faixa significativa do mercado, principalmente entre os consumidores mais preocupados em reduzir gastos supérfluos.
Low-cost responsável, é possível?
Importa, no entanto, realçar que a alternativa low-cost não deverá ser confundida com consumismo extremo.
Já quanto ao impacto ambiental, o principal desafio prende-se com as práticas de produção e consumo pouco sustentáveis que resultem em maiores emissões de carbono, aumento de desperdício ou produção de resíduos tóxicos. É fundamental considerar as implicações que a produção em baixo custo poderá exercer em vários parâmetros, aliando a forma de produção a um consumo equilibrado.
É importante ainda que a alternativa low-cost permita igualmente aos consumidores respeitarem fatores como a sustentabilidade, os direitos humanos ou a ética. Assim, um dos seus principais desafios atuais é garantir a transparência dos produtos (ou serviços), permitindo que os consumidores tomem decisões de forma informada e consciente.