Terminamos o ano de 2025 exaustos, não apenas pela velocidade dos acontecimentos, mas pela sua intensidade, pela curiosidade e por alguns episódios discretos, quase íntimos, típicos de um novo namoro.
Sim, 2025 foi o ano em que as Áfricas voltaram à moda. Há uma energia nova, uma curiosidade redescoberta, um flerte global com o continente, onde a cada visita e conferência parecem parte de um jogo de sedução entre potências e oportunidades.
Luanda, em particular, foi o palco privilegiado desse romance político e económico. Em menos de doze meses, acolheu a 12.ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo dos Países Africanos, Caraíbas e Pacífico (ACP), o Fórum Económico Angola-Emirados Árabes Unidos, a 17ª Cimeira de Negócios EUA–África (U.S.-Africa Business Summit), a 3ª Cimeira de Luanda sobre o Financiamento para o Desenvolvimento de Infraestruturas em África, a Conferência e Exposição de Petróleo e Gás Angola, e em Novembro, a Cimeira União Europeia-África, isto sem falar na vinda de individualidades.
Uma sucessão de datings de alto nível que transformaram a capital angolana no epicentro diplomático de um continente em disputa, mas também em transformação. Vieram líderes, investidores, ministros e presidentes. Vieram promessas, discursos e apertos de mão. Vieram câmaras e delegações, projetos e memorandos. Vieram sobretudo intenções, algumas sinceras, outras apenas estratégicas, vieram “marcar o lugar” …
Mas a pergunta inevitável ecoa: por que será que vêm? Por que razão esta África lusófona, atlântica, rica em petróleo, diamantes e juventude, atrai tantos olhares? Por que não as outras Áfricas, as que falam francês, inglês ou árabe? Talvez porque esta África mistura ambição e vulnerabilidade, potencial e pragmatismo, recursos e estabilidade política relativa. Talvez porque Angola se tornou um espelho das contradições e das promessas de um continente que quer ser protagonista da sua própria história.
Neste final de ano, espreito com curiosidade este namoro entre o mundo e as Áfricas … não é amor, as partes têm uma história emocional comum e já são maduros para nesta fase delicada, descobrirem se a sedução vira compromisso, ou se tudo não passa de mais uma paixão passageira, alimentada por interesses disfarçados de afecto. Uma coisa tenho aprendido. Os casamentos por interesse com cláusulas matrimoniais acontecem… resta saber se vão ser felizes para sempre e espalhar felicidade. Haja amor!



