Jorge Brito Pereira, histórico advogado de Isabel dos Santos decidiu, depois de falar com os sócios, sair da sociedade de advogados Uría Menéndez Proença de Carvalho. Esta decisão comunicada às redações, incluindo à do Jornal Económico, surge depois da revelação dos 715 mil documentos do Luanda Leaks, o conjunto de mails, contratos, auditorias e outros documentos que foi obtido pela Plataforma para a Proteção de Denunciantes em África (PPLAAF, Platform to Protect Whistleblowers in Africa), uma organização anti-corrupção que o entregou ao Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.
“Face às informações publicadas nos últimos dias a propósito dos designados ‘Luanda Leaks’, sem qualquer admissão de culpa, entendi que, ouvidos alguns dos meus sócios, para não prejudicar o bom nome e a reputação da Uría Menéndez Proença de Carvalho, devia renunciar à minha condição de sócio com efeitos imediatos. Apresentei na tarde de ontem essa mesma carta de renúncia”, refere Jorge Brito Pereira.
O advogado diz ainda que vai suspender a advocacia para ponderar os desenvolvimentos das últimas semanas e terminar a sua tese de doutoramento.
“Foi também meu entendimento que, face à minha decisão de interromper o compromisso que tinha com o escritório, deveria fazer uma suspensão da minha atividade profissional como advogado e aproveitar os meses que se seguem para, além de ponderar tudo o que ocorreu nas últimas semanas, finalizar a minha tese de doutoramento”, acrescentou o advogado especialista em direito comercial, nomeadamente nas áreas de atividade Mercado de Capitais; Bancário e Financeiro; Fusões e Aquisições.
Na sequência da sua saída da Uría, Jorge Brito Pereira acrescenta que “como consequência imediata e necessária desta decisão, cessarei também o patrocínio jurídico à engenheira Isabel dos Santos e às sociedades que lhe estão associadas e, por isso mesmo, renunciarei, nos próximos dias, a todos os cargos que ocupava em órgãos sociais relacionados com as ditas sociedades”.
O advogado apresentou a demissão do cargo de presidente da mesa da assembleia geral do EuroBic, a demissão de presidente do Conselho de Administração (‘chairman’) da NOS; a demissão de presidente da mesa da assembleia geral da Efacec Power Solutions; e a demissão a mesa de assembleia geral do BFA [Banco Fomento de Angola].
Antes da Uria Menéndez Proença de Carvalho, Jorge Brito Pereira era advogado da PLMJ.
O advogado surge no documento da constituição da sociedade Matter Business Solutions, com uma procuração que, de acordo com a investigação jornalística “Luanda Leaks”, recebeu cerca de 100 milhões de dólares da Sonangol.
O advogado veio depois a público explicar que “compareci na constituição da sociedade com uma procuração e, porque viram essa procuração, assumiram, mal, que eu tinha o que quer que seja a ver com a vida da sociedade. Não tinha e não tenho”, disse num esclarecimento escrito em resposta à Lusa.
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