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Lucro dos CTT caiu 28% em 2018 penalizado por custos de rescisões

As receitas da empresa liderada por Francisco Lacerda foram penalizadas pela quebra dos serviços financeiros e as indemnizações pagas no âmbito do programa de transformação operacional. Ao nível do EBITDA, os números foram estáveis face aos de 2017,
  • Cristina Bernardo
20 Fevereiro 2019, 16h49

Os resultados líquidos consolidados dos CTT caíram 28%, em termos homólogos, no ano passado, para 19,6 milhões de euros, uma queda acima da estimativa média dos analistas. As receitas da empresa liderada por Francisco Lacerda foram penalizadas pela quebra dos serviços financeiros e as indemnizações pagas no âmbito do programa de transformação operacional, anunciou a empresa esta quarta-feira.

Em comunicado divulgado no site da CMVM, os CTT explicaram que o resultado líquido foi “influenciado pelas indemnizações pagas por rescisões de contratos de trabalho por mútuo acorde de 20,7 milhões de euros, sobretudo no âmbito do Plano de Transformação Operacional”.

O EBITDA recorrente – lucro antes de juros impostos, depreciação e amortizações – subiu 0,6% para 90,4 milhões de euros, em linha com uma estimativa média dos analistas de 90,5 milhões de euros.

Os rendimentos operacionais recorrentes cresceram 1,4% em 2018, para 708,0 milhões de euros. “O aumento dos rendimentos operacionais dos CTT é impulsionado pela evolução positiva do mix de produtos no negócio de Correio, que compensou a queda do tráfego de correio endereçado, e pelo crescimento dos rendimentos operacionais de 12,3% na área de Expresso & Encomendas e de 27,0% no Banco CTT,” explicou a empresa.

Para Francisco de Lacerda, presidente executivo dos CTT, “os resultados de 2018 mostram que a estratégia de diversificação dos CTT está a ser bem-sucedida, com o Expresso & Encomendas e o Banco CTT a registarem um desempenho muito positivo e a compensar a queda estrutural do tráfego de correio tradicional”.

No negócio do correio, o efeito positivo do mix de produtos gerou em 2018 um crescimento nos rendimentos de 0,8%, apesar da queda de tráfego de correio endereçado de 7,6%, superior à esperada, para 680,7 milhões de objetos, afirmou a empresa.

O segmento de Expresso & Encomendas manteve a performance positiva dos trimestres anteriores e registou um crescimento a dois dígitos em 2018, com um aumento de 12,3% nos rendimentos operacionais recorrentes, para 151,2 milhões de euros.

No entanto, os serviços financeiros registaram uma queda nos rendimentos operacionais de 23,4% em 2018, para 42,3 milhões de euros, “fruto sobretudo da diminuição da colocação dos Certificados do Tesouro, cujo produto anterior foi substituído em outubro de 2017 por outro de menor rentabilidade”.

Verificou-se uma forte recuperação da colocação de produtos de poupança do Estado no quarto trimestre de 2018, em que os rendimentos decresceram apenas 2,8%, adiantou.

Os CTT sublinharam que o correio e outros rendimentos representam 69% do total dos rendimentos recorrentes dos (491,0 milhões de euros), o Expresso & Encomendas 21% (151,2 milhões de euros), os Serviços Financeiros 6% (42,3 milhões de euros) e o Banco CTT 3% (23,6 milhões de euros).

Balanço positivo do plano de transformação

“O balanço do Plano de Transformação Operacional é positivo, tendo gerado poupanças nos gastos operacionais recorrentes de 15 milhões de euros, acima do objetivo definido”, acrescentou Lacerda.

“O plano de reorganização da rede de retalho destinava-se a 2018, não estando previstas novas situações que não fossem já conhecidas. Iniciámos em 2019 um ciclo de investimento que se prolongará para 2020, aplicando 40 milhões de euros na modernização da rede postal e logística, melhorando a eficiência, a qualidade e as condições de trabalho dos carteiros”, sublinhou.

Para 2019, os CTT prevêm um aumento dos rendimentos operacionais, sustentado por impactos orgânicos e inorgânicos no negócios em crescimento (Expresso & Encomendas e Banco CTT).

“A queda do tráfego de correio endereçado deverá situar-se no intervalo de [-6% a -8%]. O Plano de Transformação Operacional (PTO) deverá produzir poupanças de cerca de 15 milhões de euros nos gastos operacionais recorrentes”, acrescentou.

Os CTT vão investir 55 milhões de euros, dos quais 25 milhões relacionados com iniciativas do PTO de modernização e automatização, em linha com o plano anteriormente divulgado.

A empresa espera um aumento do EBITDA recorrente orgânico, refletindo as melhorias contínuas de eficiência. Adicionalmente, espera-se o contributo positivo da aquisição da 321 Crédito. Em julho do ano passado o Banco CTT anunciou a compra dessa de financiamento de automóveis usados em Portugal para que reforçar a diversificação de portefólio de produtos e otimizar o balanço, melhorando o seu rácio de transformação.

“A conclusão da operação é esperada para o segundo trimestre de 2019 e está dependente da não oposição do Banco de Portugal e do Banco Central Europeu”, afirmou Francisco Lacerda.

[Atualizada às 17h38]

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