Os lucros da EDP dispararam 40% para 952 milhões de euros em 2023 à boleia da produção hídrica em Portugal, o impacto da incorporação total da EDP Brasil, e os ganhos das vendas de ativos renováveis.
“O resultado líquido da EDP aumentou para €952m em 2023 suportado pela recuperação da produção hídrica em Portugal para níveis em linha com a média histórica (após a seca extrema de 2022), o aumento de resultados provenientes do Brasil, onde a EDP passou a deter 100% da sua subsidiária EDP Brasil, assim como os ganhos em transações de rotação de ativos renováveis em Espanha, Polónia e Brasil”, segundo o comunicado da EDP.
“O resultado líquido inclui €310M de perdas não recorrentes associadas a imparidades na central a carvão de Pecém, nos projetos eólicos na Colômbiae nas centrais de ciclo combinado em Portugal”, acrescenta.
O conselho de administração vai propor aos acionistas o aumento do dividendo de 19 cêntimos para 19,5 cêntimos, refletindo um payout de 63%.
Olhando para o EBITDA recorrente, este aumentou 11% para os €5.023M, “impulsionado pela normalização da produção hídrica e dos custos de abastecimento de eletricidade e gás face a 2022, com impacto positivo na recuperação da margem integrada no mercado ibérico.
“O EBITDA do segmento eólico e solar baixou 15%, penalizado por recursos eólicos abaixo da média, atrasos na instalação de capacidade adicional e redução de preços de eletricidade em mercados grossistas europeus face aos níveis recorde registados em 2022. Por outro lado, os ganhos com rotação de ativos renováveis totalizaram €460M”, segundo a companhia liderada por Miguel Stilwell de Andrade.
Já os “custos financeiros líquidos mantiveram-se nos €910M, ainda que o custo médio da dívida tenha tido um aumento de 65 bps para os 5,0% impulsionado sobretudo pelo EUR e USD, mitigado pelo aumento em outras receitas financeiras. Excluindo a dívida denominada em Reais Brasileiros (12% da dívida consolidada), o custo médio da dívida foi de 3,4% em 2023 vs 2,7% em 2022. Em janeiro de 2024, a EDP anunciou a emissão de um instrumentode dívida verde de 750 milhões de euros com maturidade de 6,6 anos a um yield implícito de 3,6%”.
A dívida líquida atingia os 15,3 mil milhões de euros em dezembro de 2023, mais 16%, “refletindo a aceleração do investimento em renováveis e redes de eletricidade, bem como a aquisição dos minoritários da EDP Brasil (€1,1MM), compensados pelos €2MM de aumentos de capital da EDP e EDP Renováveis realizados no 1T23 e €2MM relativos ao encaixe com rotação de ativos, que inclui a desconsolidação de encaixe com de parcerias institucionais”.
Lucros da EDP Renováveis afundam 50% em 2023
Os lucros da EDP Renováveis deslizaram 50% para 616 milhões de euros em 2023, com o preço médio de venda de eletricidade mais baixo a impactar negativamente as contas da elétrica.
As receitas recuaram 6% para 2.239 milhões de euros com o impacto do menor preço médio de venda de eletricidade, que recuou 6%, a ser parcialmente compensado por um aumento na produção (4%), impulsionado pela maior capacidade média em operação (8%).
A companhia liderada por Miguel Stilwell de Andrade explica que o preço médio de venda foi de 61 euros/MWh “refletindo os preços mais baixos do mercado da eletricidade, principalmente na Europa, face aos níveis historicamente elevados de 2022″.
“A comparação face ao ano anterior também foi impulsionada pela revisão regulatória em baixa dos preços da eletricidade de 2023 para os ativos regulados em Espanha, uma revisão com efeitos retroativos. No Brasil, o preço médio de venda foi afetado pela fase de testes de ativos recém–instalados, antes da entrada em vigor dos contratos de aquisição de energia. Para 2024, 90% da geração esperada de energias renováveis está contratada a longo prazo ou com preços fixados por cobertura”, pode-se ler.
A empresa volta a avançar com o programa de dividendos flexíveis, isto é, os acionistas da EDPR têm a opção de uma remuneração flexível: em vez de receberem os dividendos em dinheiro, podem receber direitos de subscrição de novas ações.
Pela positiva, a companhia encaixou 400 milhões de euros em ganhos com transações de rotação de ativos em Espanha, Polónia e Brasil, num total de 658 MW.
Em 2023, os Custos Operacionais aumentaram +9%, “impulsionados principalmente pelo aumento de +18% nos Outros Custos Operacionais, que inclui os impostos “clawback” na Europa (€106 milhões na Roménia e Polónia), custos com atrasos de projetos solares nos EUA (€51 milhões) relacionados com restrições na cadeia de abastecimento entretanto resolvidos e atraso de projetos eólicos na Colômbia (€53 milhões). O Core Opex (que inclui Suprimentos e Serviços e Custos de Pessoal) aumentou +6% refletindo o aumento do portfolio de ativos sob gestão (+12%), enquanto Core Opex/ avg. MW em operação diminuiu –2% face ao período homólogo refletindo maior eficiência”.
Já o EBITDA recorrente atingiu os 1.845 milhões de euros, com o resultado líquido recorrente a atingir os 513 milhões de euros (-24%), com a companhia a destacar a imparidade relacionada com atrasos de projetos eólicos na Colômbia (€178M), o cancelamento do contrato de aquisição de energia do projeto offshore eólico SouthCoast nos EUA durante o 1ºSem.23 (€10M) e uma provisão relacionada com clawbacks regulatórios na Roménia durante o 3T23 (€12M).
Os resultados financeiros ascenderam a “313 milhões de euros em 2023 (–30% em termos homólogos), impactados pela estratégia de rebalanceamento do mix de dívida por moeda, com aumento do euro e redução do dólar, que permitiu a melhoria de resultados de derivados cambiais. O aumento das despesas financeiras capitalizadas refletiu o aumento do volume de ativos em fase de desenvolvimento e construção”.
O investimento da empresa atingiu os 4,8 mil milhões de euros em 2023, com 80% focado na Europa e América do Norte. Em 2023, foram acrescentados mais 2,5 gigawatts de capacidade com 4,4 gigawatts em construção no final de 2023.
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