Os lucros do Banco Comercial e de Investimentos (BCI), o maior de Moçambique, detido maioritariamente pela Caixa Geral de Depósitos, recuaram 26,18% em 2024, para cerca de 83 milhões de euros, segundo o relatório e contas.
Segundo a informação da administração do banco no relatório consultado hoje pela Lusa , o recuo dos resultados líquidos, que passaram do recorde de 8.181 milhões de meticais (113 milhões de euros) em 2023 para 6.039 milhões de meticais (83,4 milhões de euros) no ano passado, foi influenciado “pelo aumento dos custos com imparidades e provisões em 127,1%”.
“Reflexo da prudência adotada pelo banco na cobertura dos ativos expostos ao risco de crédito e ao risco soberano. Esta abordagem deveu-se, em grande medida, aos impactos do contexto pós-eleitoral adverso, incluindo a perspetiva de ‘downgrade’ do rating do país”, justifica-se no documento.
Em assembleia-geral, a administração do BCI decidiu pela não distribuição de dividendos relativo ao resultado líquido de 2024, para “reforçar a solidez do balanço e aumentar a sua resiliência a possíveis agravamentos dos riscos”, face a “incertezas associadas ao contexto atual e nível nacional e internacional”, e apesar do banco “apresentar rácios de adequação de capital e de liquidez muito confortáveis”.
Ainda assim, sublinha a administração, o desempenho do BCI em 2024 “manteve-se sólido”, destacando o crescimento de 15% nos depósitos, face ao ano anterior, para 183.483 milhões de meticais (2.533 milhões de euros), e de 4,27% nos capitais próprios, para 32.153 milhões de meticais (444 milhões de euros), contribuindo assim para um aumento de 10,87% do ativo total, que atingiu os 231.641 milhões de meticais (3.198 milhões de euros).
Já a carteira de crédito, aumentou 6%, para 78.207 milhões de meticais (1.080 milhões de euros), representando um “reforço do compromisso do BCI com o financiamento dos setores produtivos e de consumo, e um impulso para o crescimento económico do país”.
A administração sublinha que 2024 foi um ano de “crescimento sustentável” a nível financeiro para o BCI, com o produto bancário a aumentar 2,5%, para 21.464 milhões de meticais (296,2 milhões de euros), “impulsionado sobretudo pelo fortalecimento da margem financeira”, que cresceu 4,73%, atingindo 16.472 milhões de meticais (227,3 milhões de euros).
“O banco manteve uma presença sólida em todo o território nacional, apoiado por uma base de 2,4 milhões de clientes e uma vasta rede de 211 unidades de negócio, 521 ATM e 11.818 Terminais de Pagamento, promovendo a inclusão financeira e o acesso aos serviços bancários. Como reflexo deste desempenho, o BCI reafirmou a sua liderança no setor, atingindo, em dezembro de 2024, quotas de mercado de 26,94% no crédito, 25,78% nos depósitos e 22,73% nos ativos”, acrescenta a administração.
O banco fechou 2024 com 2.712 trabalhadores, segundo os dados do relatório e contas.
O BCI tem um capital social de 10 mil milhões de meticais (138 milhões de euros), numa estrutura acionista liderada (51%) pela Caixa Participações, do grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD), contando com o banco português BPI (35,67%) e ainda diretamente pela CGD (10,51%), entre outros.
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