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Lucros dos CTT sobem para 9 milhões de euros no primeiro semestre do ano

As receitas do primeiro semestre de 2019 dos CTT mantiveram-se em linha com o que tinha sido registado há um ano atrás, nos 355 milhões. Mas as receitas do Banco CTT subiram quase 50%.
  • Rafael Marchante/Reuters
25 Julho 2019, 16h53

Os lucros dos CTT – Correios de Portugal ascenderam a nove milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, o que significa uma variação positiva homóloga de 21%, na primeira apresentação de resultados da era João Bento, o homem forte de Manuel Champalimaud, o maior acionista individual da empresa, que assumiu funções de CEO em maio passado.

Na apresentação dos resultados do primeiro semestre divulgados pela Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM), os CTT, explicaram que os lucros apresentados refletiram “o menor impacto dos itens específicos, que se situaram em 11,7 milhões”, isto é, contraíram em 5,5 milhões, onde estão incluídos, entre outras despesas, os gastos relacionados com as rescisões de trabalhadores por mútuo acordo no âmbito do Plano de Transformação Operacional e os gastos relacionados com a aquisição da 321 Crédito.

O impacto nos resultados das reestruturações empresariais e projetos estratégicos diz respeito essencialmente a gastos com indemnizações por rescisão de contratos de trabalho por mútuo acordo (-6,8 milhões), no âmbito do Programa de Otimização de Recursos Humanos e gastos com serviços de consultoria (-1,6 milhões), enquadrados no Plano de Transformação Operacional em curso, gastos relacionados coma aquisição da 321 Crédito (-1,2 milhões) e gastos relacionados com o set up das alterações exigidas pela ANACOM ao sistema de mediação dos indicadores de qualidade de serviço (menos um milhão).

As receitas consolidadas ascenderam aos 355 milhões de euros, em linha com o primeiro semestre de 2018. Mas os Correios referiram que “excluindo o efeito inorgânico da 321 Crédito, adquirida em maio de 2019, os rendimentos ascenderam a 349,9 milhões”. Isto é, sem a inclusão da da 321 Crédito, as receitas dos CTT teriam sido menos 5,2 milhões de euros do que o reportado há minutos.

Destaque para o aumento das receitas de 49,7% do Banco CTT que subiram para 23,6 milhões nos primeiros seis meses deste ano, o que compara com os 15,7 milhões verificados em igual período do ano passado. A integração no banco de “uma parte do negócio de pagamentos dos CTT” teve um impacto positivo de 6,3 milhões, enquanto a 321 Crédito “representou 5,1 milhões de euros”, lê-se na apresentação de resultados.

Mesmo sem a inclusão da 321 Crédito, o Banco CTT, que já conta com 408 mil contas abertas e já ultrapassou os mil milhões de euros em depósitos, teria registado um aumento de 17,4% das receitas para 18,5 milhões face ao primeiro semestre do ano passado, por causa do impacto positivo do crescimento da margem financeira (+53,6%) e das comissões (+65,1%), que compensaram o decréscimo da área de pagamentos e transferências (-4,6%).

De destacar a performance operacional do Banco CTT que permitiu um crescimento significativo de contas abertas para 408 mil contas (+124 mil do que no primeiro semestre de 2018), a par com a continuação do crescimento dos depósitos de clientes para 1.063,6 milhões de euros (+44,4%), crescimento da carteira de crédito de habitação líquida de imparidades para 312,1 milhões (+136,8% do que no primeiro semestre de 2018) e de produção de crédito ao consumo de 21,1 milhões (+12,9% do que no primeiro semestre de 2018). Com a aquisição da 321 Crédito, o Banco CTT conseguiu impulsionar estruturalmente o rácio de transformação da sua carteira de crédito de 20,3% no primeiro semestre para 69,3% no primeiro semestre de 2019, através da incorporação de um valor de 414 milhões de euros na sua carteira de crédito.

Segmento ‘Expresso e encomendas’ cresce mas ‘Correios’ contrai

Nos outros segmentos de negócio, as receitas dos “Serviços Financeiros” subiram 24,1%, para 15,6 milhões, enquanto o segmento “Expresso e Encomendas” subiu ligeiramente (0,1%), mantendo-se nos 72,8 milhões.

A esmagadora maioria das receitas do “Expresso e Encomendas” realizou-se em Portugal (63%), ascendendo a 45,9 milhões. “A performance do negócio em Portugal resultou sobretudo do CEP que ascendeu a 34,5 milhões, da banca que atingiu 3,3 milhões e da carga e logística que ascendeu a 7,9 milhões”, explicam os CTT. Em Portugal, o tráfego ascendeu a quase 10 milhões de objetos, um aumento de 4,1% por comparação com primeiro semestre do ano passado.

Por sua vez, os rendimentos do “Expresso e Encomendas” em Espanha caíram para 25,9 milhões, devido a queda do tráfego em 8,2%. Em Moçambique, os rendimentos desta área de negócio situaram-se em um milhão de euros, uma subida hómologa de 4,2%.

Já a faturação do segmento dos “Correios e Outros” registou uma queda de 4,2% , caindo de 254,1 milhões no primeiro semestre de 2018 para 243,1 milhões nos primeiros seis meses deste ano.

No que diz respeito aos “Correios” apenas, as receitas caíram 4,4%, para 240,7 milhões face aos primeiros seis meses de 2018. Os CTT justificam esta quebra “fundamentalmente” pela “quebra dos rendimentos do correio endereçado (-8,9 milhões) e filatelia (-0,8 milhões)”.

Também o tráfego do correio endereçado caiu 10,3 face aos primeiros seis meses do ano passado, e engloba o correio transacional (-9,3%), o publicitário (-20,4%) e o editorial (-9,7%).

Gastos operacionais e trabalhadores

Nos primeiros seis meses do ano, os gastos operacionais totalizaram 308,6 milhões, caindo ligeiramente (0,1%) em termos homólogos. A explicar a querda dos custos operacionais estão a redução dos custos com fornecimentos de serviços externos, e dos gastos com pessoal, compensando os aumento de outras despesas. Desconsiderando os gastos com a 321 Crédito, os custos operacionais teriam ascendido aos 306,7 milhões de euros.

Os gastos com pessoal ascenderam aos 169,2 milhões de euros neste semestre, isto é, 0,6% abaixo do que tinha sido verificado há um ano. Sem a 321 Crédito, os CTT teriam poupado mais 1,5 milhões por comparação com o ano anterior.

“Das iniciativas do Plano de Transformação Operacional resultaram poupanças de 4,5 milhões que foram parcialmente compensadas pelo aumento de efetivos no Banco e Tourline (+1,1 milhões)”, explicam os CTT, e ainda “pelo aumento da contratação a termo (+0,7 milhões)”.

Os CTT disseram ainda que até ao final de junho deste ano ainda não tinha havido “qualquer decisão relativa a atualizações salariais para o ano em curso”.

Em junho de 2019, os CTT empregavam 12.561 trabalhadores, isto é, menos 38 por comparação com igual período do ano passado. Saíram 193 colaboradores do segmento “Correio e outros”, sendo que entraram 140 para o Banco CTT, dos quais 115 vieram da 321 Crédito, e 18 para o segmento “Expresso e Encomendas”.

Estes números já refletem “102 saídas em 2019” no âmbito do Plano de Transformação Operacional. A estas somam-se 429 saídas que ocorreram entre 2017 e 2018.

 

(atualizada às 17h54)

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