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Lula da Silva alerta para crise económica e acusa Bolsonaro de “mentiras”

Perante centenas de apoiantes, o antigo chefe de Estado brasileiro criticou o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, o promotor Deltan Dallagnol e delegados da polícia que integraram a operação Lava Jato.
9 Novembro 2019, 09h04

O ex-presidente brasileiro Lula da Silva disse esta sexta-feira, à saída da prisão, que a situação económica piorou desde que foi preso, há ano e meio, e fez um ataque contra o que diz serem as “mentiras” do atual chefe de Estado, Jair Bolsonaro.

“Ontem vi na televisão os dados do IBGE [Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística]: Depois que fui preso, depois que eles roubaram [a eleição de Fernando] Haddad, o Brasil não melhorou, o Brasil só piorou”, disse Lula da Silva, à saída da prisão, em Curitiba.

“O povo está passando mais fome, o povo está desempregado, o povo não tem mais carteira assinada [contrato de trabalho]. O povo está trabalhando de Uber, o povo está trabalhando de bicicleta para entregar pizza e esta trabalhando, na verdade, sem o menor respeito”, acrescentou.

O ex-presidente brasileiro foi libertado ao final da tarde e discursou num palco improvisado nas proximidades da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, estado do Paraná, no sul do país.

Perante centenas de apoiantes, o antigo chefe de Estado brasileiro criticou o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, o promotor Deltan Dallagnol e delegados da polícia que integraram a operação Lava Jato.

“Eu não tenho magoa da Polícia Federal, eu não tenho mágoa dos carcereiros, eu não tenho mágoa de ninguém. Tenho é vontade de provar que este país pode ser muito melhor na hora que tiver um governante que não minta tanto pelo Twitter como o [Presidente Jair] Bolsonaro mente”, disparou.

Lula da Silva foi interrompido algumas vezes pela multidão que gritava “Lula eu te amo”, formada majoritariamente por pessoas vestidas com a cor vermelha, usada da bandeira do Partido dos Trabalhadores (PT) e de movimentos sociais ligados à esquerda brasileira.

O ex-presidente também disse que saia da prisão sem ódio e que em seu coração só havia “espaço para o amor porque o amor vai vencer neste país.”

Lula da Silva fez questão de agradecer e apresentar sua nova namorada, a socióloga Rosângela da Silva, beijando-a perante a multidão.

Lula da Silva também agradeceu ao integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), do PT e membros de partidos de esquerda, que montaram e administraram um acampamento ao lado da Superintendência da Polícia Federal durante todo o período em que esteve detido no local.

Emocionado, o ex-presidente brasileiro agradeceu inúmeras vezes às pessoas que fizeram parte desta vigília chamada acampamento Lula Livre.

“A vida inteira estive conversando com o povo brasileiro e não pensei que no dia de hoje poderia estar aqui conversando com homens e mulheres que, durante 580 dias, gritaram aqui bom dia Lula, boa tarde Lula, não importa se estivesse chovendo, não importa que estivesse 40 graus, não importa que estivesse zero graus. Todo o santo dia vocês eram o alimento da democracia que eu precisava para resistir”, declarou.

“Eu não sei o que falar para vocês. Só sei dizer que serei eternamente grato e fiel a luta de vocês (…) Obrigada pelo grito ‘Lula Livre’ durante os 580 dias de vocês aqui”, concluiu.

O antigo Presidente brasileiro Lula da Silva saiu hoje em liberdade, cerca das 17:40 locais (20:40 em Lisboa), após o Supremo Tribunal Federal brasileiro (STF) ter decidido anular prisões em segunda instância, como era o caso do antigo chefe de Estado, preso desde abril de 2018.

A decisão de libertar Lula da Silva foi tomada hoje pelo juiz Danilo Pereira, da 12.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, que aceitou o pedido da defesa do antigo Presidente do Brasil e autorizou a sua saída da sede da Polícia Federal de Curitiba menos de 24 horas após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir anular prisões em segunda instância.

O ex-Presidente brasileiro foi preso após ter sido condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), de recursos em segunda instância, num processo sobre a posse de um apartamento de luxo, que os procuradores alegam ter-lhe sido dado como suborno em troca de vantagens em contratos com a estatal petrolífera Petrobras pela construtora OAS.

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