Lusiaves ultrapassa Mário Ferreira no capital da Savannah

A Lusiaves já detém mais capital da Savannah em relação ao empresário Mário Ferreira. O grupo passou a deter 218,7 milhões de ações, correspondente a 10,07% do total da companhia, anunciou a mineira britânica na terça-feira. Mário Ferreira continua a deter 217,2 milhões de ações, o equivalente a 10% do capital.

Anteriormente, o grupo Lusiaves detinha 205,2 milhões de ações da empresa, o que representava 9,45%. O grupo agroalimentar, fundado por Avelino Mota Gaspar, tem sede em Marinha das Ondas, na Figueira da Foz.

O maior acionista da companhia continua a ser a AMG Lithium, uma empresa alemã especializada na refinação de lítio, com quase 16% da empresa. Segue-se a Al Marjan, um fundo privado de investimento de Omã, que detém 13%. Este fundo é acionista desde 2015 e já chegou a ter 30% da companhia, fruto da sua anterior aposta em minas de cobre no país do Golfo Pérsico.

Na terceira e quarta posição, estão os dois acionistas nacionais: Lusiaves e Mário Ferreira. Na quinta posição, os australianos da Slipstream Resources International contam com 3% do capital.

A posição do grupo Lusiaves vale agora 11,259 milhões de libras (13,1 milhões de euros), enquanto a de Mário Ferreira vale 11,18 milhões de libras (13,05 milhões de euros).

Mário Ferreira tornou-se conhecido dos portugueses no programa ‘Shark Tank’, tendo ganho a alcunha de ‘tubarão do Douro’ devido aos cruzeiros fluviais no rio nortenho, mas já se expandiu para os mares de todo o mundo com a Mystic Cruises. É também proprietário da TVI e dos cruzeiros Douro Azul. Em 2022, tornou-se no primeiro português a ir ao espaço numa viagem da Virgin Galactic. Agora, o empresário do Porto aposta na fileira do lítio e na transição energética.

O projeto prevê a criação de 300 empregos diretos e entre mil a dois mil indiretos na região, segundo a empresa. A produção está prevista para arrancar em 2027.

Num relatório divulgado em julho, o CaixaBI iniciou a cobertura da Savannah com um preço-alvo de 7,80 cêntimos de libra, com um potencial de valorização de 95% face ao preço atual.

O projeto do Barroso “é um dos poucos na Europa com dimensão suficiente para fazer a diferença em termos de ser uma alternativa para a exploração de lítio, nomeadamente com as novas gigafábricas planeadas para serem construídas na Europa”, escreveram os analistas na altura.

A Savannah anunciou a 25 de março que vai iniciar conversações com Bruxelas para explorar ao máximo as oportunidades advindas da mina de lítio de Boticas, no distrito de Vila Real, que foi considerada um projeto estratégico na União Europeia na fileira dos minerais críticos.

“A Savannah vai agora engajar com a Comissão Europeia para alavancar em pleno as oportunidades que a nova classificação do projeto oferece”, disse a empresa mineira britânica em comunicado na altura.

“Isto será feito em paralelo com o nosso trabalho para completar o RECAPE [processo para avaliar se as exigências ambientais estão a ser cumpridas] e o estudo de viabilidade final até ao fim de 2025, com vista a iniciar a produção em 2027”, acrescenta.

Para o CEO da Savannah, a conclusão deste processo representa um “passo significativo para fomentar uma segurança de abastecimento mais resiliente e segura de minerais críticos para as transições digitais e verdes na Europa, assim como para os setores aeroespaciais e de defesa”, segundo Emanuel Proença.

Quatro projetos portugueses foram considerados estratégicos pela Comissão Europeia na área dos minerais críticos no final de março.

Os projetos de extração de lítio da Savannah e da Lusorecursos no distrito de Vila Real são dois dos contemplados. Segue-se a refinaria de lítio da Lifthium.

No Alentejo, a extração de cobre na mina de Neves Corvo da Somincor também foi selecionada.

No total, foram selecionados 47 projetos estratégicos em vários países europeus, com um investimento previsto de 22,5 mil milhões de euros.

Estes projetos “vão beneficiar de apoio coordenado da Comissão, estados membros e instituições financeiras para se tornarem operacionais, em específico no acesso a financiamento e apoio na ligação a clientes”, segundo a Comissão.