Nos últimos anos o dinamismo do setor da restauração na Península Ibérica foi evidente. Observaram-se neste contexto sinais de consolidação e movimentos de fusões e aquisições (M&A). Acreditamos que, à semelhança do que acontece noutras geografias (e setores), existe espaço para que o movimento de consolidação e M&A se acentue em Portugal.

De acordo com um estudo recente da EY, identificam-se em Espanha em 2018 um total de 34 transações (vs 11 em 2017 e 10 em 2016) correspondendo a 1.540 milhões de euros. Destacam-se, por exemplo, a aquisição da Telepizza pelo fundo KKR, a aquisição do Grupo Vips por parte do Grupo Zena Alsea ou a aquisição do Grupo Tommy Mel´s pela Abac Capital.

Em Portugal, noutra escala, destacam-se recentemente, por exemplo, as seguintes transações: a integração dos Grupos Doca de Santo e Cafeína no Grupo Arie / José Avillez, a compra do Café In por parte do Grupo Chimarrão, a aquisição do Restaurante Tavares (Rico) pelo Grupo Multifood, e da Manteigaria por parte do Grupo Portugália, entre outras, rapidamente identificáveis na imprensa.

Existe do lado dos investidores interesse em utilizar a liquidez, competências e capacidade instalada, como forma de integrar ou desenvolver a posição no setor.

Por outro lado, existe nos vendedores a perceção de que estruturas com diferentes dimensões ou caraterísticas podem trazer valor num contexto de crescente competitividade e dinamismo onde, em alguns casos, por exemplo: o acesso ao capital de expansão é limitado, a pressão de custos é acentuada, a concorrência aumenta e/ ou existem desafios associados a processos de sucessão. A integração de um sócio ou alienação é vista como uma forma de fomentar a sustentabilidade e/ou de participar ativamente na vaga de desenvolvimento setorial observada.

Julgamos que, nos próximos anos, poderá ser observado um movimento crescente de profissionalização e consolidação, estimulado parcialmente por investidores nacionais e internacionais.

No entanto, apesar da existência na Península Ibérica de investidores ativos neste setor, acreditamos que o dinamismo da consolidação será determinado sobretudo pela qualidade e dimensão da oferta (grupos nacionais enquanto vendedores). A capacidade dos empresários para desenvolver equipas e modelos com dimensão e qualidade, bem como a sua abertura e preparação para abrir o capital a terceiros, determinarão o ritmo de consolidação e M&A.