Amantes das novidades preparem-se, porque 2025 promete ser o ano em que 0 ego e a testosterona vão fazer a sua estreia triunfal como os novos “influencers” das nossas vidas. Sim, leu correctamente. O que antes era apenas uma combinação explosiva de drones e bombas, nos confrontos masculinos, agora está prestes a tornar-se no tema mais quente do ano adicionando tarifas aos conflitos.
Terminado o ano record de eleições governamentais a nível mundial, em que promessas e discursos marcaram a agenda dos líderes, o 2025 é o do cumprimento das promessas para os que de facto querem poder e aspiram deixar um legado marcante. Líderes, imersos em seus próprios egos, parecem desviar-se da verdadeira essência da liderança: a promoção da paz e da harmonia. Em vez de olhar para as necessidades colectivas da sociedade, suas acções são e estão frequentemente pautadas pela busca de reconhecimento e poder.
Então, se vocês estão a sonhar com 365 dias de paz e prosperidade, o melhor é ajustar expectativas. Em 2025, o que vai dominar é o fabuloso duelo entre o ego e a testosterona. Não se vislumbram milagres, apenas retóricas agressivas como animais a marcar posição na ânsia de deixar uma marca histórica. Nas “pequenas cabeças” estão de fora os ideais de que a verdadeira grandeza da liderança está em construir prosperidade. Nós os comuns mortais queremos algum dinheiro, saúde, bem-estar e paz! Aliás, a história ensinou-nos que legados duradouros são aqueles que promovem a compreensão, a empatia e a união, mas isso são histórias da carochinha.
Daqui das Áfricas aguardamos com ansiedade essa esplêndida revolução de lideranças quase sem mulheres à mesa, com drill, baby drill e tarifas como palavra de ordem para a transição energética. Uau, que inovação! Que lições devemos aprender?
A primeira é para os businessmen africanos. Ah! Este ano perceberam e finalmente decidiram que já basta de serem tratados como os eternos “coitadinhos” pelos europeus e americanos. Após anos de discursos melodramáticos sobre como “devemos ajudar as Áfricas”, eles resolveram pegar suas malas e explorar o próprio continente. Surpreendente, não? Como se a África fosse um lugar que eles nunca tivessem visto antes… A cooperação endógena, ou seja, a construção de redes de colaboração e negócios entre os próprios africanos, vislumbra-se como crucial e faz sentido! O continente é rico em recursos, talentos e diversidade cultural, mas ainda enfrenta barreiras que dificultam a integração económica. Este acordar dos egos dos leões acontece porque as chitas (mamífero terrestre mais rápido do Mundo), consideradas a nova geração das Áfricas, cresceu e quer mudanças e um caminho diferente.
A segunda lição é que buscar soluções conjuntas nas Áfricas é estrategicamente favorável. Em tempos de incerteza, a colaboração entre os países africanos não é apenas uma opção, mas uma estratégia de sobrevivência para colocar em prática a tal conversa de “soluções africanas para problemas africanos”. Se a vaidade e a testosterona não falarem muito alto, as Áfricas perceberão que criar alianças estratégicas permite mais competitividade no cenário global, fortalece as economias locais, como também cria um senso de unidade e solidariedade entre as nações do continente.
Amantes das novidades, o confronto de egos no melhor palco global é já agora em Janeiro. Apertem os cintos para ver Davos com a África do Sul na liderança do G20 promovendo as máximas “solidariedade, igualdade e sustentabilidade,” que com pipocas vamos aguardar a estreia triunfal dos novos “influencers” e com muita inteligência artificial à mistura.
E finalmente, parafraseando Winston Churchill, acrescentamos: aproveitem a incerteza… e “nunca desperdicem uma boa crise,” pois ela pode ajudar a criar soluções. As crises forçam a reavaliação de práticas consolidadas e impulsionam a busca por soluções alternativas. As Áfricas precisam de soluções que respondam às suas realidades e desafios, e este novo jogo geopolítico, ainda indefinido, pode ser o ponto de partida para essa transformação que já começou, pois as Áfricas dominam a lista das 20 economias com o crescimento mais rápido do mundo em 2024, segundo o relatório macroeconómico do Banco Africano de Desenvolvimento.
Novos equilíbrios precisam-se! As Áfricas precisam e o mundo agradece. A incerteza actual deve ser vista como um convite à inovação e mudança. Nesse cenário, entre deixar legados e a falta de visão para a paz, ficam para acompanhar atentamente as políticas de dois pesos e duas medidas. Haja tarifas e um silêncio ruidoso do bom senso. Que venham mais 365 dias de… aceitam-se milagres!