A empresa de promoção imobiliária JLL lançou um estudo sobre o segmento de Senior Living em Portugal onde sublinha o crescente apetite dos investidores por estes ativos, que já captaram mais de 185 milhões de euros de investimento desde 2018, dos quais 36% só no 1º semestre deste ano.
“A procura em crescimento e escassez de oferta adequada motivam o interesse”, diz a JLL.
Em termos de investimento, só nos primeiros seis meses de 2021 foram alocados 65,5 milhões de euros a este segmento, entre aquisições de residências já concluídas e investimento em novos projetos. “Este montante equivale a 36% de todo o investimento no segmento desde 2018 e sucede a um ano recorde em que foram transacionados pouco mais de 73 milhões de euros”, disse a JLL.
“Nos últimos três anos e meio, a JLL contabiliza 185 milhões de euros investidos neste tipo de ativo, dos quais 63% em aquisição de imóveis já em operação e outros 37% em projetos de desenvolvimento. O distrito de Lisboa recebe 67% deste investimento, seguido pelo distrito de Faro, com outros 24% e o Distrito do Porto, com 9%”, refere a imobiliária.
O intervalo estimado do investimento comercial por cama em projetos concluídos é de cerca de 100 mil e 110 mil euros, diz a JLL que acrescenta que “as yields geradas neste tipo de ativos são bastante atrativas, ao estarem associadas a contratos de arrendamento de longo-prazo e ao situarem-se em patamares mais elevados do que os observados noutras classes de ativos tradicionais”. De acordo com a JLL, a prime yield de imobiliário de Senior Living em Portugal foi de 5,5% no 3º trimestre de 2021, que já sofreu uma contração de 25 pontos percentuais desde o início do ano o que reforça o apetite por este tipo de ativo.
A consultora estima que até 2025 sejam necessárias mais 17 mil camas para atingir a taxa de cobertura de 5% definida pela Organização Mundial de Saúde. Este número resulta das previsões de crescimento da população idosa que se estima que chegue a 2.5 milhões de habitantes neste ano. Tendo em consideração o stock atual de camas e o número de camas em pipeline neste horizonte temporal – 8 mil – em 2025 a taxa de cobertura estaria nos 4.3% abaixo do target definido pela OMS. “Neste sentido, existe um défice de 17.000 camas para serem desenvolvidas no mercado no curto prazo para Portugal responder ao rácio apontado pela OMS (Organização Mundial da Saúde)”, diz a JLL.
“Atualmente a oferta deste tipo de equipamentos [consideram-se apenas os estabelecimentos com registo de ERPIs – Estutura Residencial para Pessoas Idosas] ascende a cerca de 100 mil camas para um total de 2.700 estabelecimentos, posicionando o rácio de cobertura de camas em 4,3%. Esta oferta é dominada por equipamentos de pequena dimensão (71% tem menos de 50 camas) e muito granular, com o distrito de Lisboa a receber 18% das camas e o Porto outros 9%. Estes dois territórios acolhem as maiores fatias do stock atual, mas continuam a ter a maior escassez de respostas face à população sénior, com rácios de 3,2% e 2,4%, respetivamente. Apenas 10% das camas são geridas por operadores privados internacionais”, lê-se no comunicado.
A JLL realça que a insuficiência da oferta tenderá a agravar-se bastante ao longo da próxima década, pois a faixa etária de +65 anos deverá aumentar a um ritmo superior à das faixas mais novas. Assim, até 2035 as pessoas inseridas nesta faixa etária aumentarão 21%, passando a agregar cerca de 28,5% da população portuguesa contra os atuais 22,5%.
Este envelhecimento acontecerá num quadro em que esperança média de vida também aumenta para esta população, que conta, em média, com mais 20 anos de vida e em que existirá uma maior apetência e/ou necessidade para o recurso a serviços de apoio, constata a consultora.
“A procura de soluções de acomodação sénior poderá também crescer por via internacional, pois Portugal está a tornar-se um destino de referência para reformados estrangeiros, devido ao seu clima, custo de vida, oferta de cuidados de saúde e, em alguns casos, devido a benefícios fiscais”, refere a JLL.
A JLL antecipa um forte reforço e qualificação da oferta com a entrada de operadores privados internacionais, que contribuirão para aumentar o stock, reforçar a capacidade de investimento e qualificar o mercado com know-how de outros mercados mais maduros.
No âmbito dos segmentos alternativos, o subsegmento do Senior Living está com uma dinâmica muito forte e que tende a crescer bastante nos próximos anos”, diz no comunicado Gonçalo Santos, Head of Capital Markets da JLL. “É um tipo de ativo que permite atualmente diversificar bastante o investimento, pois devido à escassez de stock adequado, as operações de promoção são uma parte importante da alocação de capital”, acrescenta.
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