As zonas costeiras da Europa geram 43% do PIB da União Europeia, empregam 92 milhões de pessoas e nelas vivem 214 milhões de cidadãos – i.e. 42% da população total da comunidade única (o que é um número particularmente significativo perante o facto de estas regiões só representarem 28% do território europeu). A conclusão é do relatório “Blue Economy 2019”, elaborado pela Comissão Europeia e apresentado por ocasião do Dia Marítimo Europeu, que decorre esta quinta-feira em Lisboa.
O comissário europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas, Karmenu Vella, considera que esta segunda edição do relatório “confirma o papel da economia azul enquanto um entusiasmante setor em crescimento, com oportunidades tanto nos setores estabelecidos, como o turismo e a construção naval, ou em áreas emergentes, como a energia oceânica ou a bioeconomia azul”.
Em 2017, os setores tradicionais da economia azul europeia – recursos vivos marinhos, extração marinha de recursos não vivos, transporte marítimo, atividades portuárias, construção naval e reparação e turismo costeiro – empregaram diretamente mais de 4 milhões de pessoas, geraram 658 mil milhões de euros em receitas e registaram 180 mil milhões de euros de Valor Acrescentado Bruto (VAB).
“A evolução da economia azul foi significativamente influenciada pelos desenvolvimentos macroeconómicos gerais, em particular a crise financeira e económica global de 2008-2009”, lembram os autores do documento. Por isso, como falamos de ciclos económicos, também esta área está a modernizar-se.
Entre as novas indústria em expansão está a energia azul (eólica “offshore”), a energia oceânica (ondas e marés), a bioeconomia azul e biotecnologia, minerais marinhos, a dessalinização e a defesa marítima, que têm não só criado mais postos de trabalho como atraído investimentos, segundo a instituição liderada por Jean Claude-Juncker.
Para perceber a dimensão destas áreas emergentes, desde 2003, o Banco Europeu de Investimentos assinou contratos no valor de cerca de 11 mil milhões de euros para 31 parques eólicos offshore e projetos de transmissão offshore, inclusive em Portugal [Windplus], mas também na Bélgica, na Holanda, na Dinamarca, no Reino Unido e na Alemanha.
O Dia Marítimo Europeu, estabelecido em 2008, representa um ponto de encontro anual para profissionais, empresários e líderes políticos ligados aos mares e oceanos. A capital portuguesa receberá, ao longo dos próximos dois dias, mais de 1.400 participantes de 53 países, mais de uma centena de oradores, 28 workshops e 21 pitchs. Bruxelas escolheu Portugal para receber a edição de 2019 deste evento, este ano focado essencialmente em impulsionar a economia marítima sustentável através do empreendedorismo, do investimento, da investigação e da inovação.
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