O ecossistema tecnológico europeu é inclusivo? A dúvida permanece, porque trabalhadores, empresários e investidores estão divididos nesta questão: por um lado, uma maioria que garante que há diversidade e respeito pelas minorias, por outro, sinais de discriminação. O relatório “Estado da Tecnologia Europeia 2018”, divulgado esta terça-feira, veio pôr mais ‘água na fervura’ ao relevar que 46% das mulheres dizem terem sido alvo de discriminação nas empresas tecnológicas europeias, o que contrasta com os 75% que acham que a cultura da sua startup é inclusiva.
O estudo elaborado pela empresa britânica Atomico, investidora da Uniplaces, em parceria com a Slush e a Orrick, mostrou ainda que, em 2018, apenas 7% do financiamento de sociedades de capital de risco europeias foi encaminhado para empresas criadas por empresárias do sexo feminino.
“Essa estatística é a ponta do iceberg. Embora a maioria dos números sobre o investimento neste relatório seja uma boa notícia, o facto de as equipas fundadas por homens terem recebido cerca de 93% do capital e 85% dos negócios fala por si. Mulheres e minorias estão sub-representados a todos os níveis no ecossistema. A política corporativa sobre diversidade e inclusão ainda está muito atrás de onde precisa de estar”, pode ler-se no documento.
Enquanto a maioria dos homens acha que o ecossistema tech é inclusivo, só 38% das mulheres concorda (incluindo investidoras). “Este ano, e depois de todos os debates em torno da diversidade no setor da tecnologia, queríamos que o nosso relatório avaliasse o problema, de modo a podermos avançar com dados e não expressar opiniões. Os resultados são preocupantes, a nível moral e porque sugerem que a tecnologia europeia tem um défice significativo em termos de diversidade”, disse Tom Wehmeier, sócio e diretor de Investigação da Atomico.
Estes números vão ao encontro de uma análise da Web Summit que concluiu que a maioria das mulheres na tecnologia (61%) presentes na cimeira sentem que têm maior pressão para provar as suas capacidades em relação aos seus colegas do sexo masculino. Segundo a organização do evento, que inquiriu oradoras, investidoras, empresárias e empreendedoras, menos de metade (37%) considera que é paga de forma junta quando comparada do que os homens com as mesmas funções. No entanto, 43% considera-se tratada da mesma forma (inclusivamente respeitada, confiante).
Já se sentiu discriminado na indústria tecnológica europeia?
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