Em 48 horas, a aplicação de rastreio digital Stayaway Covid já conta com mais de 50 mil transferências para o sistema operativo Android. A aplicação é atualmente a mais popular na loja portuguesa de aplicações Google Play.
A app anti-Covid também está em destaque na Apple Store. Na loja portuguesa da Apple a aplicação é a primeira entre as aplicações de medicina e também lidera o ranking de transferências das apps grátis.
A aplicação conta com um total de 355 comentários. Entre os comentários de cinco estrelas, os utilizadores deixaram alguns elogios.
“Extremamente simples. Praticamente não gasta bateria nenhuma mesmo com o Bluetooth ligado todo o dia”, escreveu Gonçalo Damas.
“Fácil de usar e esperemos que seja eficaz neste combate ao vírus”, sublinhou Leandro Gomes.
“Excelente app, sólida, com boas sugestões e transparência”, escreveu, por sua vez, Cláudio Gomes.
Mas também há várias críticas, sobre o consumo da aplicação ou o facto de não ser compatível com alguns telefones ou versões de Android.
“Não compatível com Asus Zenfone 2”, escreveu Paulo Fernandes.
“Fuso horário dos Açores gera conflito? Como é que é possível não terem pensado nisso?”, criticou Diogo Carneiro.
“Pelos vistos, é necessário ativar o GPS também, contrariamente ao divulgado”, apontou Lia Fernandes.
“Com os dados ligados, Bluetooth e GPS ligado não creio que a bateria do telemóvel dure”, afirmou José Pedro Santos.
Como é que funciona esta aplicação para rastrear os contactos com Covid-19?
Idealmente, 60% da população portuguesa (seis milhões de pessoas) deveria ter a app instalada para aumentar a sua eficácia, “mas os epidemiologistas dizem que a app começa a ser útil com uma menor percentagem de população, porque é mais um instrumento”, disse o presidente do INESC TEC ao Jornal Económico (JE) a 5 de junho.
Depois de instalada, a StayAway “troca apertos de mão” com os outros telemóveis, enviando e recebendo números aleatórios, num ato de “contacto social entre telemóveis” recorrendo à tecnologia Bluetooth, conforme explicou José Manuel Mendonça ao JE.
A ideia é que, quando uma pessoa é diagnosticada com Covid-19, o médico introduza o número de telemóvel do paciente, com a sua autorização, numa base de dados das autoridades de saúde. Instalada a aplicação, quem esteve perto desta pessoa, e durante um período mínimo de tempo, será alertado de que existe a necessidade de fazer um teste.
Nesse alerta, nem o nome da pessoa infetada, nem o número de telemóvel, nem o local onde ocorreu o contacto são revelados, adiantou o responsável, realçando que esta app respeita a privacidade, ao contrário das que existem na Ásia, que são de “vigilância pura e dura, recorrendo ao GPS e localização dos cidadãos”.
“Cada telemóvel é que vai ao servidor ver se o seu dono teve um contacto com alguém infetado com Covid. O meu telemóvel depois é que me vai dizer se me cruzei com uma pessoa infetada, que está devidamente diagnosticada depois de realizar um teste e de ter dado autorização a um médico para inserir essa informação na base de dados”, afirmou.
Comissão de Proteção de Dados preocupada com uso da interface da Google e da Apple
No seu parecer, a CNPD revelou a sua preocupação com o “recurso à interface da Google e da Apple”, considerando que este é um dos “aspetos mais críticos da aplicação, na medida em que há uma parte crucial da sua execução que não é controlada pelos autores da aplicação ou pelos responsáveis pelo tratamento”.
A aplicação faz uso do Sistema de notificação de exposição Google-Apple (GAEN), um projeto conjunto das duas empresas para “habilitar o funcionamento de aplicações para rastreio de proximidade via Bluetooth”. Este acordo determina que “apenas as autoridades públicas de saúde podem usar este sistema”, com apenas uma licença permitida por país.
“Esta situação é ainda mais problemática porque o GAEN declara que o seu sistema está sujeito a modificações e extensões, por decisão unilateral das empresas, sem que se possa antecipar os efeitos que tal pode ter nos direitos dos utilizadores”, pode-se ler no parecer.
Aplicação à prova de hackers, garante INESC TEC
Além das questões relacionadas com a privacidade, José Manuel Mendonça também garantiu que o sistema é à prova de hackers. “Esta app é completamente descentralizada, e não sai nenhuma informação do telemóvel. Mesmo que um Rui Pinto da vida entre no servidor não percebe o que é aquilo, porque não tem contexto. São números encriptados, aleatórios”, disse, referindo-se ao alegado pirata informático que aguarda julgamento acusado de 90 crimes.
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