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Mais de cem milionários pedem aos governos para os taxarem mais

Algumas das pessoas mais ricas do mundo consideram a medida necessária para combater desigualdades e consideram que é uma questão de justiça.
19 Janeiro 2022, 12h54

Mais de 100 das pessoas milionários pediram hoje aos governos, numa carta aberta, para que os façam pagar mais impostos.

A carta, denominada “Em impostos nós confiamos”, clama por impostos anuais permanentes sobre os mais ricos para ajudar a reduzir a desigualdade extrema e aumentar a receita para aumentos sustentados e de longo prazo em serviços públicos como a saúde.

Sob o mote da Conferência de Davos, os milionários escrevem que “a confiança – na política, na sociedade, uns nos outros – não é construída em pequenas salas laterais acessíveis apenas pelos mais ricos e poderosos”.

“Não é construída por viajantes espaciais bilionários que fazem uma fortuna com uma pandemia, mas não pagam quase nada em impostos e fornecem salários baixos para os seus trabalhadores”, continuam, destacando que o caminho é traçado pela “prestação de contas, através de democracias bem lubrificadas, justas e abertas que prestam bons serviços e apoiam todos os seus cidadãos”.

“Simplificando, restaurar a confiança exige tributar os ricos. O mundo – todos os países – deve exigir que os ricos paguem a sua parte devida. Taxem-nos, aos ricos, e taxem-nos agora”, pedem.

Esta carta surge numa altura em que um relatório da Oxfam revelou que os dez homens mais ricos do mundo viram as suas fortunas crescer durante a pandemia de Covid-19, tendo as maiores fortunas do mundo duplicado para 1,05 biliões de dólares (918 mil milhões de euros), a partir dos 700 mil milhões de dólares (613 mil milhões de euros).

De acordo com uma nova análise da Fight Inequality Alliance, que a ONG menciona, um imposto sobre a riqueza que comece em apenas em 2% ao ano para milionários e 5%  para bilionários poderia gerar 2,52 biliões de dólares por ano.

Tal seria suficiente, argumenta a organização, para tirar 2,3 mil milhões de pessoas da pobreza, disponibilizar vacinas suficientes para o mundo e fornecer saúde universal e proteção social para todos os cidadãos de países de baixo e baixo/médio rendimento (3,6 mil milhões de pessoas)”.

A carta é assinada por milionários de nove países, mas sobretudo por americanos e britânicos. Entre eles, destacam-se a produtora de cinema e herdeira americana Abigail Disney, o empresário dinamarquês-iraniano Djaffar Shalchi, o empresário e capitalista de risco americano Nick Hanauer e a estudante e herdeira austríaca Marlene Engelhorn.

“A história pinta um quadro particularmente sombrio sobre o desfecho de sociedades extremamente desiguais“, alertam os signatários no fim do documento.

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