São de repudiar todos os atos de violência, mas para assegurar a segurança e a paz públicas é legítimo que a polícia seja, por vezes, obrigada a utilizar a força.

A intervenção policial no bairro da Jamaica levou à realização na segunda-feira à tarde, na capital, de uma manifestação desordeira e indutora de violência. Apedrejar elementos da Polícia de Segurança Pública que cumpriam o seu dever, lançar “cocktails Molotov” a esquadras e incendiar viaturas, apontam uma deriva perigosa que, a não ser travada imediatamente, irá com certeza pôr em causa a democracia e o Estado de direito já de si tão comprometidos em Portugal. É urgente, para que este desígnio não se frustre, dar mais força à autoridade, quer através dos meios, quer através da capacidade de reação dos seus agentes.

Os comentários públicos do Bloco de Esquerda e da associação SOS Racismo, de claro incitamento ao ódio, são muito graves e revelam a índole perversa, insurreta, libertária e antidemocrática que norteia aquela associação e, por maioria de razão, a força política que a respalda.

Colocar a população contra a polícia e criar a ideia de que é legítimo agredir os seus agentes, traduz a propaganda pelo ato como o meio privilegiado para gerar revoltas espontâneas na população. Mamadou Ba, assessor do BE e dirigente da SOS Racismo, chegou a publicar um texto infamante na rede social Facebook referindo-se às forças de segurança, devendo ser punido por isto.

É imperioso que o Ministério Público abra inquéritos a todos estes incidentes e que na qualidade de titular da ação penal investigue e acuse, se for o caso. Radicalizar o discurso político, defender a autogestão e instrumentalizar lógicas e pessoas com objetivos eleitoralistas, é a estratégia montada pelo Bloco de Esquerda para obter resultados nas urnas.

A velha leitura classista da sociedade que é constantemente usada pelo Bloco de Esquerda para justificar a luta contra os alegados agentes dominadores, sejam eles banca, governo, magistratura ou polícia, traduz bem o viés com que olha para a ordem que deve reger o Estado.

O facto é que a garantia das liberdades essenciais pressupõe a ordem e só esta permite o progresso. É exatamente a ideia que os bloquistas pretendem evitar, porque o progresso nunca é benéfico para os que, como eles, capitalizam o caos para vingar.