Esta é a crise política do fim do ano, que estava prometida para o Orçamento do Estado para 2026, mas que chegou mais cedo, fora de estação, como o tempo quente ou a chuva, pela oportunidade dada pela trapalhada da empresa de Luís Montenegro. No tempo das perceções, a da oposição é a de que safa melhor agora, porque encurralou o PSD, a de Montenegro de que consegue repetir o Cavaco Silva de 1987.

Os eleitores estão cansados de eleições, de vozearia política e de posicionamentos táticos, bons para conversas de café, como as que se seguem aos jogos da bola, mas inúteis para a vida de cada dia, mas aí vamos nós para mais uma volta e com grandes chances de acabarmos na posição de partida.

Desde 2021, fomos chamados a votar por nove vezes, cumprindo-se a décima este mês, com as eleições para o Parlamento da Região Autónoma da Madeira. Depois, temos as legislativas e completa-se a dúzia com as autárquicas. Contados, são mais de dois atos eleitorais por ano, em média. É obra conseguir planear o que quer que seja ou perceber com o que se pode contar nesta efervescência eleitoral constante.

Mas também não se julgue que se considera preferível alguém manter-se no Governo só para que consigamos escapar a mais convocatórias eleitorais; não é isso.

O que se espera é que quem lá esteja exerça funções com o foco atestado em resolver situações concretas que consideramos problemas, que são muitas, como o descalabro que temos de enfrentar na saúde, os constrangimentos na justiça ou a instabilidade na segurança. Que se apressem soluções para a crise na habitação, que levam tempo a produzir efeito, ou se elimine uma redundância burocrática por dia, libertando tempo e recursos, como queria Fausto Correia. E que isso tenha impacto concreto na vida de cada um de nós.