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Startup tecnológica lança plataforma para ajudar crianças a ler (mais e) melhor

A Teckies desenvolveu a “BeeFluent” para que os pais e professores portugueses tenham mais uma ferramenta para aprimorar a leitura dos alunos. Ao Jornal Económico, o CEO da empresa refere que a solução requereu um investimento de 30 mil euros e colaboração académica do Instituto Politécnico de Tomar.
1 Setembro 2020, 07h35

A startup Teckies lança esta terça-feira a plataforma tecnológica “BeeFluent” para auxiliar as crianças a evoluir na leitura, uma vez que o processo de aprendizagem pode ser acompanhado em tempo real pelo professor ou encarregado de educação e é possível traçar um plano personalizado às necessidades do aluno. A aplicação, que requereu um investimento de cerca de 30 mil euros e a colaboração académica do Instituto Politécnico de Tomar, está agora disponível em computador, telemóvel ou tablet. Em entrevista ao Jornal Económico (JE), o CEO da empresa, Patrick Götz, explica como esta solução quer combater as dificuldades em ler.

Professores e alunos vão voltar a encontrar-se, presencialmente, nas escolas a partir de hoje. Em que medida a plataforma, que pretende facilitar o ensino à distância, não se tornará obsoleta pouco depois de ser lançada?

Mesmo com o regresso físico às escolas em setembro, a BeeFluent continuará a ser útil, tanto para professores como para alunos. Apesar de ser uma ferramenta online, permite continuar o processo de ensino sem interrupções inesperadas, reforçando ainda mais os mecanismos de aprendizagem em casa. Tudo isto, de forma muito mais divertida e individualizada e onde, num contexto menos formal, é encorajada a relação entre o docente e a criança. Esta plataforma vem ainda resolver um dos maiores problemas dos alunos com dificuldades de leitura, que se vai manter mesmo quando voltarem às salas de aula: a timidez em lerem em voz alta junto dos restantes alunos e professor. A BeeFluent adapta-se e pode ser utilizada tanto em ensino presencial, na medida em que é utilizada como uma ferramenta de trabalho de casa adicional, como num modelo híbrido, que alia as aulas presenciais com o online. Perante os desafios impostos pela pandemia, mas já a pensar nos modelos de ensino totalmente online, a plataforma assume ainda mais pertinência, uma vez que estimula a relação com o professor. Qualquer que seja o ensino em vigor, o certo é que o estudo autónomo e a utilização de tecnologia e ferramentas de apoio nas escolas será cada vez mais uma realidade, algo para o qual a BeeFluent vem também contribuir.

O objetivo da BeeFluent é ser utilizada no núcleo aluno-professor ou a nível doméstico mãe/pai-criança?

É com base na relação aluno-professor que toda a utilização da plataforma se desenrola, sendo a BeeFluent a ponte entre as duas partes do processo educativo. Apenas os docentes ou explicadores estão habilitados para lecionar e acompanhar toda a experiência da criança na plataforma, de forma a garantir a excelência do ensino e que os conhecimentos são transmitidos corretamente. Contudo, o contexto doméstico é também muito importante. Como a BeeFluent é uma aplicação online, pode ser acedida em casa, o que possibilita que os pais tenham um papel de apoiantes da evolução da criança e garantam que cumpre com o plano delineado. Caso a escola dos seus educandos não esteja inscrita na plataforma, mas sim o seu professor ou explicador, é possível que façam a inscrição dos seus filhos de forma particular.

Portugal encontra-se a meio da tabela europeia nos gostos pela leitura e a maioria dos cidadãos ainda prefere comprar livros em papel nas lojas físicas. Acha que é uma tendência que se alterou definitivamente durante a pandemia?

Na minha opinião, a pandemia não é o momento de viragem desse paradigma. Considero que os portugueses continuarão a adquirir os livros em formato impresso. A compra em lojas online cresceu bastante pelo que acho que essa tendência se irá manter, mas comprarão livros em papel. Com a Covid-19 surgiram novos desafios para a aquisição de livros, sendo por esse motivo que, neste período, as soluções digitais, como as encomendas online ou as plataformas de vendas de livros, acabaram por ganhar terreno. No entanto, é interessante ver que os e-books ainda aparecem como algo pouco utilizado. No meu entender, os seus maiores fãs continuarão, por agora, a ser a faixa mais jovem ou as pessoas que costumam viajar, uma vez que neste contexto esta opção é a mais prática. Além destes dois casos, o digital é cada vez mais o suporte para leituras breves, como artigos, jornais, entre outros conteúdos.

Em que diferencia a BeeFluent?

Diferente do que acontece nas salas de aulas, em que um mesmo professor dá atenção a dezenas de alunos em simultâneo, nesta plataforma aplicam-se exercícios personalizados, consoante o nível e dificuldades de cada jovem, o que faz com que a sua evolução seja, naturalmente, mais constante e rápida. Presencialmente ou mesmo à distância, o docente, além de traçar os planos de leitura, acompanha todo o progresso do aluno, através de feedbacks em tempo real e útil. O processo até que uma criança conclua um determinado exercício é composto por sete passos. Primeiro, o professor escreve o texto destinado à criança, lê como é esperado e sincroniza-o, terminando com o envio do ficheiro de som para o discente. Depois de ouvir o áudio que recebeu, este treina a leitura do excerto as vezes que necessitar e, quando estiver satisfeito com o resultado, envia-o para avaliação e para que possa receber feedback. Com este método de aprendizagem mais facilitado, a BeeFluent permite a melhoria da comunicação, dicção e fluência, mas de forma lúdica e divertida, contribuindo para aumentar o gosto e a motivação pela leitura. Além da sua principal funcionalidade, pode igualmente ser utilizada no ensino de línguas estrangeiras.

Qual o custo para o utilizador?

Na ótica das escolas, podem adquirir um registo anual e disponibilizá-lo a todos os seus alunos, independentemente do ciclo de estudos. O preço de aquisição vai depender da dimensão da instituição. Os municípios podem fazer o mesmo, permitindo que todos os estudantes dos seus agrupamentos tenham acesso. Por último, também estamos a trabalhar para chegar diretamente aos professores, uma vez que estes podem lecionar de forma autónoma na aplicação, sem necessidade de estarem ligados a uma instituição de ensino e ajudando assim um grupo limitado de jovens com dificuldades na leitura. A BeeFluent é de uso 100% gratuito para os alunos. O nosso modelo de negócio está, por agora, assente em três pilares: escolas, municípios e professores, sendo estas as entidades que podem comprar as nossas licenças de utilização.

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