Paul Joseph Goebbels foi ministro da Propaganda no período mais negro da História da Alemanha. Com o auxílio de personalidades experientes do mundo do Jornalismo, como Hans Fritzsche, montou uma máquina de propaganda bem oleada. Todas as comunicações políticas, mesmo as mais absurdas, eram consideradas verdadeiras pelo povo alemão.
A afirmação “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade” é habitualmente atribuída ao infame “Dr. Goebbels”, e representa um tipo de comunicação que é eticamente reprovável. Não obstante, tal não impede que estratégias semelhantes sejam hoje utilizadas nas mais diversas democracias ocidentais. Infelizmente, Portugal não é excepção, e as recentes discussões em torno do Orçamento do Estado são somente mais um exemplo.
Quando Mário Centeno declarou que podia afirmar “cento e uma vezes que não há aumento de impostos” desinformou os portugueses. Como pode o ministro das Finanças dizê-lo se o OE 2017 agravará impostos como o ISV e o IUC, incluirá as bebidas adicionadas de açúcar no IABA e criará um adicional ao IMI? É verdade que o Governo tem desagravado os impostos directos, mas não é menos verdade que tem agravado os indirectos, o que, no caso de várias centenas de milhares de cidadãos, pode ser mais penalizador. A título de exemplo, aqueles que em 2015 já estavam isentos do pagamento da sobretaxa do IRS, dado terem rendimentos mais reduzidos, passaram a pagar em 2016, tal como todos os restantes cidadãos, um aumento extraordinário do ISP – uma medida que se manterá no próximo ano.
Também Tiago Brandão Rodrigues não esteve bem ao referir, por mais do que uma vez, que haverá em 2017 um aumento das verbas para a Educação. Para obter esta conclusão, comparou valores orçamentados para 2017 com valores orçamentados para 2016 – um exercício que politicamente lhe convém efectuar, mas que na prática nada quer dizer. Ao invés, se o ministro da Educação comparar o que vale a pena comparar, isto é, aquilo que orçamentou para 2017, com o que efectivamente despenderá este ano, utilizando assim como termo de comparação a execução estimada de 2016, então concluirá o oposto.
A bem do esclarecimento dos portugueses seria desejável que os nossos políticos relegassem o eleitoralismo para a última divisão e optassem por uma política de verdade. O contrário deste princípio pode muito bem ser normal em regimes totalitários que fazem vida e criam raízes por intermédio da propaganda. Em Democracia não pode, nem deve, ser uma prática admissível. Felizmente nunca é tarde para corrigir o passo!
O autor escreve segundo a antiga ortografia.