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“Mantenho o que disse”. Ana Gomes não recua frente à acusação do Benfica

Tanto o clube da Luz como Luís Filipe Vieira vão processar Ana Gomes por calúnias, falsas declarações e difamação.
  • Ana Gomes
25 Março 2019, 10h08

A eurodeputada Ana Gomes não retira o que disse sobre o Benfica e o presidente do clube, Luís Filipe Vieira, mesmo depois de o clube da Luz e Vieira terem anunciado que vão processar criminal e civilmente Ana Gomes, na sequência de uma entrevista desta ao jornal “Record”.

“Mantenho o que disse. Aguardo desenvolvimentos com toda a tranquilidade”, disse Ana Gomes, eurodeputada eleita pelo PS, no seu espaço de comentário no Jornal de Domingo da SIC Notícias.

De acordo com a Lusa, tanto o clube como Luís Filipe Vieira vão processar Ana Gomes por calúnias, falsas declarações e difamação.

No sábado, em entrevista ao diário desportivo “Record”, a eurodeputada associou Luís Filipe Vieira a “um passado de delinquência” e saiu em defesa de Rui Pinto, o hacker que está indiciado pela prática de quatro crimes – acesso ilegítimo, violação de segredo, ofensa à pessoa coletiva e extorsão na forma tentada -, em dois casos de acesso ilegais aos sistemas informáticos do Sporting e do fundo de investimento Doyen Sports e posterior divulgação de documentos confidenciais.

Sobre Rui Pinto e a ligação deste ao Football Leaks, Ana Gomes considerou que o hacker “tem razão para temer pela sua vida”, ao ter sido entregue às autoridades portuguesas. Para a eurodeputada, pessoas como Rui Pinto “fazem um trabalho extraordinariamente importante na defesa do interesse público, para o combate ao crime organizado”, mesmo que no caso do denunciante português recaia pelo menos uma acusação de tentativa de extorsão.

Rui Pinto foi detido na Hungria e chegou a Portugal na quinta-feira, 21 de março, com base num mandado de detenção europeu emitido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

Na base do mandado estão acessos ilegais aos sistemas informáticos do Sporting e do fundo de investimento Doyen Sports e posterior divulgação de documentos confidenciais, como contratos de futebolistas do clube lisboeta e do então treinador Jorge Jesus, além de outros contratos celebrados entre a Doyen e vários clubes de futebol.

Alem de referir Vieira, a eurodeputada, que não integra a lista do PS para as próximas eleições ao Parlamento Europeu, mencionou que o Benfica pode ter interesse em que alguém como o colaborador do Football Leaks, que está em prisão preventiva, esteja sob controlo.

“Extraordinariamente, a SAD, o clube e o seu dirigente máximo não são acusados [no âmbito do processo e-toupeira]. Sabemos que o dirigente máximo do clube está referenciado em várias listas de grandes devedores do país por vários empréstimos não pagos. Há todo um passado de delinquência ligado a essa pessoa. Há inúmeros elementos que apontam para o facto de o Benfica poder ter especial interesse em que alguém que tem um acervo considerável de documentos de vários clubes não só possa ser posto sob controlo, mas inclusivamente o seu arquivo também o seja”, afirmou a Ana Gomes ao “Record”.

No processo ‘e-toupeira’, Paulo Gonçalves é acusado pelo Ministério Público (MP), enquanto assessor da administração da Benfica SAD, e no interesse da sociedade, de solicitar a funcionários judiciais informações sobre inquéritos, a troco de bilhetes, convites e merchandising do clube, e terá de responder por crimes de corrupção, violação do segredo de justiça, violação do segredo de sigilo e acesso indevido.

A juíza de instrução decidiu levar Paulo Gonçalves a julgamento, mas não pronunciou a SAD benfiquista, considerando que a sociedade não pode ser imputada pelos atos do seu antigo assessor jurídico, uma decisão de que o MP recorreu e que Ana Gomes também contestou.

“Há aqui qualquer coisa de muito alarmante dos níveis de intimidação que explicam que certos setores dentro do sistema policial e judicial não atuem como era suposto exigir-se que atuassem”, acrescentou a eurodeputada.

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