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Marcelo Rebelo de Sousa: “Igreja deu um exemplo a todo o povo português”

No regresso às celebrações comunitárias, à entrada da missa de Pentecostes, na Sé de Lisboa, o Presidente da República recordou que “há regras, há distanciamentos, há que manter as máscaras durante toda a celebração, dure ela o que durar, e há que ter especiais cuidados na entrada e na saída”. Apelou igualmente aos jovens para que “não organizem festas com centenas de pessoas”.
  • Cristina Bernardo
31 Maio 2020, 13h26

À entrada na missa de Pentecostes, realizada esta manhã de domingo, na Sé de Lisboa, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com máscara na cara, marcando o regresso às celebrações comunitárias no cumprimento das regras de afastamento, comentou que “a igreja, com uma sabedoria de milénios, deu um exemplo a todo o povo português”. Paralelamente, apelou a que os mais jovens “não organizem festas com centenas de pessoas”, “transportando os riscos para os outros.

Depois da “última celebração religiosa realizada imediatamente antes da declaração de estado de emergência – que foi a Procissão do Senhor dos Passos da Graça –, a partir daí, o povo católico, que é largamente maioritário no povo português, sacrificou assumidamente aquilo que é uma diferença”, em relação à fé praticada em comunidade, passando à “fé praticada solitariamente”, o que “eu, como Presidente da República portuguesa, agradeço a todas as confissões religiosas em Portugal, e agradeço de forma especial aos católicos por serem a larguíssima maioria do povo português”.

O regresso aos locais de culto, às celebrações religiosas, “é fundamental na vida dos crentes. A componente da Fé é essencial. Está presente todos os dias e não é separável da vida social, da vida coletiva”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa. Mas este “é um regresso que é difícil. Eu vi isso ontem na celebração vespertina, porque há regras, há distanciamentos, porque há comportamentos diferentes, porque há que manter as máscaras durante toda a celebração, dure ela o que durar, há que ter especiais cuidados na entrada e na saída, na desinfeção, portanto, também aí, como disse Dom Manuel Clemente, o senhor Cardeal Patriarca, é realmente um sinal de vivência da Fé, muito forte em termos espirituais, mas com cautela, com prudência, com cuidado. As pessoas vão aprendendo isso aos poucos, onde houver celebrações em espaço livre ou em espaço fechado, aprenderão durante estes tempos imediatos a conviver com os espaços fechados”, adiantou.

Em termos práticos, será quase uma pedagogia coletiva no regresso aos cultos religiosos. “Eu acho que as confissões religiosas, e os católicos de uma forma muito especial, foram exemplares porque tinham podido insistir em celebrações que eram muito ‘fundas’ no povo português. É o caso de Fátima, por exemplo, o caso das procissões de Nossa Senhora de Fátima, que percorreram o país e percorreram apenas com o andor e a imagem, seguidas depois por um ou dois veículos automóveis, com um sacerdote e mais um ou dois leigos e em que as pessoas se assomavam à janela e acompanhavam de longe. Isto aconteceu em vários sítios e foi assumido como um contributo pedagógico, um exemplo de contenção, a pensar na vida e na saúde de todos”, referiu o Presidente da República.

Marcelo Revelo de Sousa considera que durante o estado de emergência a liberdade religiosa nunca esteve em causa. “Acho que não, até porque tudo foi assumido pelas confissões religiosas. Tudo foi acertado com as confissões religiosas, e até o próprio início” – das celebrações comunitárias –, “ontem e hoje, revelou uma preocupação de não precipitação, pois teria podido ser a 4 de maio ou a 18 de maio, mas preferiu-se organizar bem esse regresso, em vez de estar a fazê-lo de forma precipitada. A igreja, com uma sabedoria de milénios, deu um exemplo a todo o povo português”, afirmou.

Sobre os sucessivos passos de desconfinamento, Marcelo Rebelo de Sousa referiu algumas situações vividas recentemente por pessoas mais jovens envolvem um aumento de riscos. Por isso fez “um apelo sobretudo aos mais jovens –porque aqueles que trabalham na construção civil na indústria, no comércio estão expostos naturalmente a riscos de contágio – pois, diz, “não faz sentido que jovens estejam a organizar festas com centenas de pessoas e muito próximas, sem preocupação de distanciamento. Sei que eles têm a sensação que não correm riscos, mas podem transportar riscos para os outros e as normas sanitárias devem valer para todos, devem valer em bairros periféricos de Lisboa, para impedir riscos de saúde, mas devem valer também em festas de sociedade, em que se pede aos jovens que, verdadeiramente, sem pensarem nos riscos que acham que não correm, se dispensem de ir longe mais, depressa demais, com risco para os outros”, concluiu o Presidente da República.

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