Margarida Balseiro Lopes é a primeira mulher de sempre a assumir a liderança da JSD. Em entrevista ao Jornal Económico, reconhece que “é histórico. Em mais de 40 anos nunca tinha acontecido, nunca tinha havido sequer uma mulher candidata”.
“Mas esse não foi o fator de mobilização da candidatura”, diz. “Se eu tivesse escolhido uma equipa só com homens, valeria pouco eu depois defender, como tenho defendido também aqui no Parlamento, que é importante valorizar o papel da mulher. Sempre numa lógica de paridade, um equilíbrio de representação. Foi por isso que escolhi uma presidente de mesa mulher, uma secretária-geral mulher e uma diretora administrativa e financeira. São quatro posições muito importantes na estrutura”, refere.
“Se queremos representar, e nós temos atualmente cerca de 50% de militantes mulheres na JSD, é fundamental que exista um equilíbrio”, afirma.
Na entrevista ao Jornal Económico, publicada na edição desta sexta-feira – disponível em papel e em formato digital, para assinantes –, Balseiro Lopes refere-se ao discurso que fez na sessão solene do “25 de abril”, no Parlamento, em que lamentou que “demasiadas vezes, para que os partidos ganhem, são as pessoas que perdem”. Explica que defendeu, “em primeiro lugar, que a liberdade se constrói todos os dias. Fazer aquele discurso sobre o ‘25 de abril’ é importante, mas também é importante perceber que o ‘25 de abril’ se garante diariamente. Onde é que está o ‘25 de abril’ para as vítimas dos incêndios? Ou seja, tem que ser todos os dias. E em segundo lugar, que não é de nenhum partido, que não é de nenhuma pessoa, é de todos”.
Margarida Balseiro Lopes refere-se, também, à necessidade de medidas de combate à corrupção e promoção da transparência. Diz que “os partidos devem ter essa discussão no Parlamento. E, no limite, ponderar se, do ponto de vista legal, as medidas que neste momento existem são suficientes”.
Questionada sobre os casos judiciais que envolvem um ex-primeiro-ministro acusado de crimes de corrupção, um ex-ministro a ser julgado e outro ex-ministro sob suspeita de receber meio milhão de euros de privados quando exercia funções, enquanto o debate público está centrado no funcionamento da Justiça e da comunicação social, foi peremptória: “A comunicação social está a fazer o seu trabalho”.
“Esse debate baseia-se no segredo de justiça, mas se a informação chega a um jornal ou a uma estação de televisão, é normal que seja divulgado, se tiver interesse público. De facto, perdemos tempo a falar disso, quando na realidade aquilo que nos deveria preocupar é o que está a ser alvo de investigação, ou até acusação e condenação. Respeitando sempre a presunção de inocência, até porque sou jurista, mas são crimes muito graves. Não é de perguntar se não houve decisões políticas que foram tomadas em função de outros interesses que não o interesse público? Se essas decisões não tivessem sido tomadas, será que nós teríamos chegado à situação de pré-bancarrota? Isso preocupa-me. Já não se consegue alterar o que está para trás, mas é compreender o passado que vai permitir evitar que os mesmos erros sejam cometidos no futuro”.
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