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Mário Centeno responde ao parecer do BCE: “não são questões centrais na reforma que fazemos da supervisão financeira em Portugal”

” Não me passa pela cabeça que nenhuma dessas opções viole os tratados nem a independência que, de forma muito determinada, Portugal atribui ao Banco de Portugal nas competências que essa independência está protegida pelos tratados. Sou insusceptível, como governante, de colocar em causa os tratados europeus”, disse Mário Centeno.
  • José Sena Goulão/Lusa
24 Maio 2019, 11h15

O ministro das Finanças, Mário Centeno, é o rosto principal da reforma da supervisão financeira em Portugal, cuja proposta foi alvo de duras críticas por parte do Banco Central Europeu (BCE), esta quinta-feira. Mário Centeno respondeu, na manhã desta sexta-feira, sublinhando que “que não são questões centrais na reforma que fazemos da supervisão financeira em Portugal”. “São detalhes e não passam disso mesmo”, frisou.

A proposta foi entregue na Assembleia da República, no passado dia 20 de março.

Questionado sobre as críticas do relatório do BCE à proposta da reforma da supervisão financeira – que alertavam para a pressão política sobre a atuação do governador do Banco de Portugal (BdP) por causa das competências de escrutínio atribuídas à Inspeção-Geral das Finanças (IGF) à atuação do governador do BdP -, Mário Centeno respondeu que “na proposta que fizemos, é expressamente salvaguardada a ação do Banco de Portugal, no âmbito da política monetária e dos bancos centrais europeus”.

O ministro das Finanças salientou ainda que a proposta à reforma da supervisão financeira “está em total alinhamento com os tratados europeus” e que, “não podemos considerar que o BdP, nessa dimensão de auditoria e de inspeção, tenha um tratamento distinto daquele que é atribuído a alguns órgãos em Portugal, aliás, com proteção constitucional, como o Conselho Superior de Magistratura, a Procuradoria-Geral da República”, por exemplo.

Já nesta legislatura, este governo pediu à IGF que analisasse as contas do Banco de Portugal. É o Estado democrático e institucional, normalíssimo, não há rigorosamente nenhuma intervenção adicional nessa dimensão, disse o ministro das Finanças.

Ainda sobre o papel atribuído à IGF, Mário Centeno foi taxativo ao anunciar que “no parecer do BCE, a IGF é reconhecida como uma entidade com autonomia técnica para executar, em nome do Estado, em todas as entidades do domínio público, inspeções e sindicâncias”.

Alterações à proposta? Portugal é que tem competência

O BCE também abordou a composição do Sistema Nacional de Supervisão Financeira, que integra a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, o BdP, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, o qual é composto pela ASF, BdP e CMVM, e pela ARSG.

De acordo com o ministro das Finanças, estas “clarificações face ao conselho de administração” não são “questões centrais na reforma que fazemos da supervisão financeira em Portugal”. Mário Centeno foi ainda mais longe e frisou que “é uma exigência nacional tornarmos mais escrutinada e escrutinável toda a ação de regulação e de supervisão em Portugal, preservando, obviamente, toda a independência dos reguladores”.

Questionado sobre possíveis alterações à proposta da supervisão financeira entregue na Assembleia da República, Mário Centeno respondeu que agora “está tudo nas mãos do Parlamento” e que, em qualquer caso, “não podemos imaginar que as opções de política nacional possam ser ditadas por outros órgãos que não sejam os órgãos competentes no país”.

O rosto da reforma, Mário Centeno, disse ainda que este processo se trata de um esforço conjunto entre os poderes executivo e legislativo. “O Governo fez uma proposta de lei, existem inúmeras propostas de outros partidos sobre esta mesma matéria e agora é tempo juntar todos estes contributos e, o Parlamento, que obviamente é soberano no processo legislativo, fazer o seu trabalho”.

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