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MARL: 25 anos a abastecer quatro milhões de portugueses

O Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL) celebrou este ano 25 anos de atividade, assinalando a data com um evento comemorativo realizado no dia 10 de dezembro.
10 Dezembro 2025, 07h00

Considerado o “porta-aviões” do grupo SIMAB é o maior centro logístico de base alimentar do país, garantindo o abastecimento de quatro milhões de portugueses. Em 2024, o volume de negócios atingiu 15,3 milhões de euros, um crescimento de 5,4% face a 2023. O resultado líquido fixou-se nos 5,6 milhões de euros em 2024, um aumento de 15,2% relativamente ao ano anterior. “Estes resultados de 2024 são históricos — “os melhores de sempre na empresa”, afirma, orgulhoso, Jorge Reis, presidente da SIMAB e da MARL. O responsável adiantou ainda que, em 2025, os montantes deverão ficar em linha com os do ano anterior.

A infraestrutura ocupa 101 hectares — o equivalente a 100 campos de futebol. Segundo Jorge Reis, o MARL assumiu-se como um importante catalisador de desenvolvimento e um eixo logístico de referência, reforçando a coesão do sistema agroalimentar e consolidando-se como um pilar estruturante para a economia nacional. “Em 2025, renovámos com sucesso mais de 800 contratos que terminaram em junho, garantindo a manutenção da operacionalidade e dos atuais níveis de ocupação do mercado, bem como a sustentabilidade económica e financeira da empresa, com um excelente nível de rentabilidade”, sublinha. A taxa de ocupação atual é de 93%, havendo ainda alguns espaços disponíveis nos pavilhões do pescado e das flores. “O setor hortofrutícola e o logístico estão com a capacidade esgotada”, acrescenta.

Em 25 anos, já foram investidos 213 milhões de euros no MARL. Em 2025, o montante de investimento cifrou-se nos dois milhões de euros. Quanto ao futuro, o presidente é claro: “Continuar a afirmar este mercado como uma referência de vanguarda no universo dos mercados abastecedores, a nível nacional e internacional, apostar na requalificação, inovação e sustentabilidade como vetores estratégicos da sua valorização e assegurar a ocupação plena do Mercado e um nível de serviço crescente junto dos operadores e clientes”. Jorge Reis adianta ainda que se encontra em avaliação a possibilidade de instalar um polo do MARL na margem sul do Tejo, para fazer face, entre outros fatores, ao quase esgotamento da oferta de novos espaços do atual mercado e à nova dinâmica territorial que se perspetiva para a margem sul com a instalação do novo aeroporto.

Mas nem tudo é um mar de rosas. O presidente do MARL reconhece que a gestão diária de uma infraestrutura com esta dimensão apresenta vários desafios, entre eles manter um elevado nível de operacionalidade os 365 dias do ano. “Garantir e até reforçar os elevados níveis de ocupação comercial do mercado, para garantir a sustentabilidade económica e financeira da empresa, com níveis de rentabilidade crescentes”. Outro desafio importante é a recolha seletiva e a valorização das diversas tipologias de resíduos resultantes da atividade do mercado, tarefas que exigem organização, eficiência e melhoria contínua.

MARL pretende aumentar sinergias com mercados municipais

Ir à praça era uma rotina das gerações mais velhas. Mães e avós, todos os sábados de manhã, iam religiosamente ao mercado de alcofa na mão comprar frutas e legumes frescos. Hoje, as grandes superfícies substituíram parte desse ritual. João Carapau, diretor geral Corporativo da SIMAB reconhece que o público tradicional que vai atualmente aos mercados é mais velho, mas afiança que estão numa fase de viragem.

“Os consumidores mais jovens exigem conveniência, flexibilidade e rapidez — características às quais o comércio tradicional tem de responder. O desafio é garantir que essa modernização não apague a autenticidade que distingue estes espaços”. O dirigente alerta, contudo, que esta mudança só será possível com apoio consistente das políticas públicas, nomeadamente mediante formação, capacitação, investimentos em tecnologia e modelos de gestão mais profissionalizados.

Mas os mercados municipais são mais do que simples locais de venda de produtos. São espaços onde o cheiro e a cor chegam antes das palavras, e o atendimento personalizado ao cliente vem quase sempre embrulhado em sorrisos de boas-vindas. João Carapau afiança que os próximos 25 anos devem reforçar o papel destes mercados. Na sua opinião, abre-se um novo ciclo de desenvolvimento, assente na profissionalização. “Sob o lema “Ligamos quem alimenta o futuro”, o objetivo passa por consolidar a função dos mercados na cadeia alimentar, promover a inovação e a sustentabilidade, e criar soluções que respondam às necessidades de operadores, consumidores e territórios”.


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