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Marques Mendes: 1,2 mil milhões “não vão chegar” para a TAP

O comentador político espera que o Governo opte por fazer uma auditoria financeira à companhia área. E está convencido que os 1,2 mil milhões de euros a injetar não vão ser suficientes.
5 Julho 2020, 21h33

O comentador Luís Marques Mendes disse, sobre a TAP, que “a nacionalização é ou não uma boa escolha. Não havia nenhuma decisão boa”, disse o comentador da SIC, que falhou a previsão, proferida na semana passada, de que um acordo iria ser conseguido entre o Estado e “o Sr. Nylman, que pagou cinco milhões para entrar na TAP e recebeu 55 milhões para sair”.

Pedro Nuno Santos, disse, esteve genericamente bem em toda a linha, mas “o pior está para vir: estou muito preocupado – o Estado vai meter uma pipa de maça, mas ninguém acredita que vai ser suficiente; vai ser preciso reestruturar a TAP, palavra que serve para disfarçar despedimentos e reduzir o número de aviões. Vai haver coragem para isso?”, questiona. “Pago para ver”.

Marques Mendes duvida também que a empresa possa vir a ser rentável, apesar de “não se saber nada sobre o acordo”. De qualquer modo, há um entrosamento entre a TAP e a Azul, de Nylman, “que vai desaparecer”, o que representa mais um problema.

“Abre-se um novo ciclo que justifica uma auditoria financeira independente à TAP. Se os portugueses vão meter muito dinheiro na companhia, devem saber o que lá se passa”, disse – e o que se passa, entre outras coisas, é um empréstimo obrigacionista da Azul a pagar juros de 7,5%”. “Não havia dinheiro mais barato?”, questionou.

Sobre a Efacec, Marques Mendes – que trabalha num escritório de advogados que está a trabalhar com a empresa – disse que “faz sentido esta decisão. É uma nacionalização instrumental que serve para resolver o impasse acionista, para facilitar o processo de venda e para a livrar da falência”, o que no seu entender “seria uma pena”. “O Governo tomou a decisão no tempo certo”, afirmou. O ministro Siza Vieira “merece o cumprimento”.

O que o deixa abismado é que “vários bancos financiaram Isabel dos Santos, mas deixaram de financiar a empresa enquanto a empresário se mantiver lá. Se houvesse um prémio para o cinismo, a banca ganhava”.

Marques Mendes foi, por outro lado, crítico do posicionamento de Rui Rio, presidente do PSD, em termos do que fez no Orçamento Suplementar e da possibilidade de um novo bloco central. “Vamos ter de aguardar para vermos, mas no entretanto istpo é um passeio para o Governo” – ficando sem se saber se a posição de Rio é a evidência da sua ineficácia ou precisamente o contrário.

Marques Mendes achou curiosa a posição de António Costa: “o que ele quis dizer é que se houver um problema com o próximo Orçamento, a culpa será da oposição.

Por outro lado, Marques Mendes defendeu o autarca de Lisboa naquilo que parece ser uma ‘guerra’ entre Fernando Medina e a ministra da Saúde: “é preciso haver vozes independentes que digam a verdade”, disse o comentador da SIC. O antigo líder do PSD considera que “continuamos a ter muitos casos de covid-19”, sendo certo que “Lisboa e Vale do Tejo continua a ser o problema. São 80% dos novos casos esta semana”.

Mas o que está “a dar cabo da nossa imagem internacional é o número de novos casos por 100 mil habitantes, o critério da União Europeia. O pior é a Suécia, depois o Luxemburgo e logo a seguir Portugal. Temos 46 casos em média, por 100 mil habitantes, nos últimos 14 dias”, sendo esse o número que nos atira para fora do desconfinamento dos países da União Europeia.

“O critério é injusto – porque não tem em conta a taxa de mortalidade”, afirmou Marques Mendes. “Esta semana vi muita pieguice sobre o assunto, mas vamos ser claros: a culpa é nossa, é do Governo de Portugal. Devíamos ter feito o trabalho de casa para não termos esta situação. O Governo esteve muito bem na primeira fase do desconfinamento, mas agora tem adiado decisões”, o que mudou tudo. “Devem deixar-se de lamentações e resolverem o problema e é muito sério o que está a acontecer, sobretudo para o Algarve”. No mês de julho do ano passado havia 410 voos semanais do Reino Unido para o Algarve – “estavam previstos 114, mas devem ser ainda menos”, revelou Marques Mendes.

A última palavra de Marques Mendes foi para dar os parabéns ao empresário Marco Galinha, acionista do JE, pela sua investida no mercado norte-americano.

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