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Marques Mendes garante que “grande combate” das legislativas é entre o PS e o Bloco de Esquerda

Comentador aponta debate entre António Costa e Catarina Martins como o mais decisivo, na medida em que o objetivo dos bloquistas passa por integrar o próximo governo ou influenciar as políticas do PS.
1 Setembro 2019, 21h50

O comentador político Marques Mendes disse neste domingo, no seu espaço de opinião no “Jornal da Noite” da SIC, que o “grande combate” da campanha para as legislativas de 6 de outubro será travado entre o PS e o Bloco de Esquerda, na medida que o partido liderado por Catarina Martins “é o grande obstáculo à maioria absoluta” desejada por António Costa.

Para o antigo presidente do PSD, é esta a consequência de a direita e o centro-direita se terem “deixado acantonar”, deixando aos bloquistas a missão de lutar contra a maioria absoluta do PS. Assim sendo, Marques Mendes apontou o debate televisivo entre António Costa e Catarina Martins como mais importante do que aquele que juntará o primeiro-ministro e Rui Rio, ou o “melindroso” debate entre Rio e Assunção Cristas.

”O objetivo do Bloco de Esquerda é claramente querer ir para o Governo ou ter peso para influenciar as políticas do PS”, disse Marques Mendes, sublinhando que Catarina Martins aproveitou a entrevista à TVI para vincar a estabilidade e as contas certas como ideias fortes do partido, sendo essas “duas narrativas fundamentais em quem quer governar”.

Referindo-se às rentrées partidárias deste sábado, Marques Mendes considerou que “não tiveram grandes novidades”. Mais interessante, em sua opinião, foi a entrevista de António Costa à Lusa, na qual o primeiro-ministro anunciou que não pretende ser candidato presidencial, deixando no comentador a “convicção” de que o socialista pretenderá ter um cargo europeu após mais quatro anos de poder em Portugal.

Quanto à insistência de António Costa nas comparações com a “instabilidade e ingovernabilidade” que ocorre em Espanha, o antigo presidente do PSD sustentou que se percebe o “argumento da dramatização”, pois necessita de atrair eleitores empenhados em afastar o Bloco de Esquerda do poder.

Grande ajuda para o atual primeiro-ministro, além da sondagem do “Jornal de Notícias” que coloca o PS no limiar da maioria absoluta, foi, no entender de Marques Mendes, o artigo que José Sócrates escreveu no “Expresso”. “Pareceu feito de encomenda. Costa ganha votos e credibilidade com as críticas de José Sócrates”, frisou o comentador, qualificando o antigo primeiro-ministro socialista como “um ativo tóxico”.

Problemas para PSD, CDS e PCP

Pelo contrário, Mendes salientou que o PSD teve uma “rentrée agridoce”, na medida em que a Festa do Pontal e a Universidade de Verão realizada em Castelo de Vide passaram para segundo plano quando o partido apareceu pouco acima dos 20% na mesma sondagem. “É um verdadeiro murro no estômago. Isso mata qualquer um”, disse o comentador, apesar de ter a “intuição” de que os sociais-democratas ficarão acima dos 25% nas legislativas.

Para atingir esse patamar será necessário, segundo o antigo líder do PSD, que Rui Rio faça uma “campanha mobilizadora” e com uma “mensagem muito clara”, preocupando-se apenas com António Costa e o seu Governo e repetindo “até à exaustão” a ideia de mudança e a prioridade na redução de impostos à classe média e às pequenas e médias empresas.

Sendo essa uma preocupação de Assunção Cristas, a quem elogiou a prestação na entrevista à TVI e o programa de governo apresentado na quinta-feira, Marques Mendes também deixou um aviso aos centristas: “O CDS está num beco ainda mais difícil e complexo do que o PSD.”

Algo que também se aplica aos comunistas, apesar da avaliação positiva à entrevista de Jerónimo de Sousa ao “Expresso”. “Concorde-se ou discorde-se, ele é genuíno”, afirmou Mendes, para quem o “PCP vai esvaziar-se ainda mais” após a saída do secretário-geral, que estará a fazer as suas últimas eleições legislativas.

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