A preocupação com causas ambientais globais por vezes retira a atenção às ameaças que estão mais próximas. Em Matosinhos, pode estar iminente um problema ambiental grave, com impacto durante décadas.

O projeto de prolongamento do porto de Leixões foi apresentado às populações como um dado adquirido, sem a devida publicidade ou discussão, passando quase despercebido. As consequências da obra estão por explicar, provavelmente, porque também estarão por estudar! Receia-se o desaparecimento das praias a sul, incluindo as da zona da Foz e, com grande probabilidade, o aumento significativo da poluição para níveis críticos nas praias de Matosinhos e Internacional.

Os benefícios para a economia, naturalmente limitados, têm que ser ponderados pelos interesses de muitas centenas de milhares de habitantes e do ambiente. Ao contrário da época da construção do porto de Leixões, esta é agora uma zona urbana e tal facto não poderá ser ignorado. Porto, Matosinhos e Gaia passaram décadas a tentar requalificar a frente marítima e a melhorar a qualidade do ar e da água do mar, com algum sucesso.

Os interesses no prolongamento do porto parecem ser legítimos, mas muito circunscritos se comparados com o impacto de uma obra que será eterna. O projeto parece vir em contramão à estratégia de longo prazo da AMP e os cidadãos sentem-se sem informação e, certamente, os eleitores locais não perdoarão um erro crasso nesta matéria.